ONU prevê mais quatro anos de apoio internacional ao Haiti
As Nações Unidas estimam que a missão de paz no Haiti deverá se estender por pelo menos mais quatro anos. Segundo o vice-representante do secretário-geral da ONU no Haiti, o brasileiro Luís Carlos da Costa, esse tempo mínimo vem sendo planejado em função
Publicado 27/05/2007 14:26
“Projetamos isso [quatro anos] como o mínimo necessário para apoiar a transformação do Estado, para fortalecer o Estado o suficiente para que possa assumir suas responsabilidades de governo e direcionar o país na rota do desenvolvimento”, diz Costa. “As necessidades do Haiti são tão grandes que é preciso um acordo da comunidade internacional de muitos, muitos anos de apoio. O comprometimento da comunidade internacional tem que ir além de quatro anos.”
O diplomata ressalva que a presença da missão depende de autorizações periódicas do Conselho de Segurança da ONU. Ele lembra ainda que a previsão de permanência não significa a estimativa de que o efetivo militar seja mantido (hoje, são cerca de 7 mil homens). “Isso não significa a presença da Minustah como hoje em dia ela está configurada, é um comprometimento da comunidade internacional. Vai haver um ajuste na configuração da missão.”
Costa cita o exemplo do plano de reforma da Polícia Nacional Haitiana, que prevê trabalhos até 2011, a fim de dobrar o efetivo atualmente existente (cerca de 7 mil homens). “O projeto de reforma da polícia é de cinco anos, então obviamente o país não terá a capacidade de assumir todas as suas responsabilidades na área de segurança antes de quatro anos”, diz. “No momento em que quadros da polícia podem assumir responsabilidades específicas, nós podemos começar a nos retirar.”
Há, ainda, uma preocupação com a capacidade do Estado de enfrentar os desastres naturais, aos quais a região é vulnerável. O Haiti fica na chamada “rota dos furacões”, que têm se intensificado nos últimos anos, com o aquecimento global. “O país é muito frágil, muito vulnerável a isso, mas estamos juntamente com outros parceiros da comunidade internacional tentando dar a capacidade ao país de resposta.”
Fase pacífica
O diplomata considera que a aceitação do trabalho da missão de paz por parte da população passa por uma boa fase, com a pacificação recente de bairros como Cité Soleil.”Havia antes um questionamento da parte da população de por que a Minustah com a sua presença militar e policial não tinha conseguido maior contribuição para solucionar a questão das quadrilhas e das gangues.
Ele reconhece que a expectativa pela retomada do desenvolvimento permanece. “Hoje em dia existe um reconhecimento muito grande da parte da população de que existe maior estabilidade na área da segurança, mas ainda há uma expectativa muito grande de melhora no dia-a-dia deles”, diz. “O que eles estão buscando é maior oportunidade de emprego, educação para suas famílias, para seus filhos, melhoria na questão de saúde, saneamento publico, e isso não é responsabilidade direta das Nações Unidas, da Minustah.”
“O que nós estamos contribuindo é para um clima de estabilidade que vai permitir que os outros atores que contribuirão para o desenvolvimento do país possam atuar nessas áreas”, continua.
Segundo Costa, o governo haitiano vem liderando o processo de elaboração de um plano de desenvolvimento do país, em diálogo com a comunidade internacional. “Existe um projeto de governo, existe um projeto de desenvolvimento, e uma determinação da comunidade internacional de apoiar esse projeto.”