Futebol: Medida da Fifa revolta sul-americanos

A decisão da Fifa de proibir a disputa de partidas internacionais em cidades situadas a mais de 2.500 m acima do nível do mar provocou revolta nos países sul-americanos que serão afetados. A medida deverá ser oficializada no 57º Congresso da Fifa, marcado

O presidente da Bolívia, Evo Morales, que lidera os insatisfeitos com a medida, prometeu enviar uma delegação à Fifa para defender o direito de realizar jogos na altitude. ''Essa decisão contraria a universalidade do esporte. As cidades localizadas em lugares altos não podem ser excluídas do esporte'', afirmou.



O presidente da Federação Equatoriana de Futebol, Luís Chiriboga, afirmou que seu país lutará ''até a morte'' pelo direito de jogar em alturas superiores a 2.500 m — normalmente, o Equador manda seus jogos das Eliminatórias em Quito, que fica 2.850 m acima do nível do mar.



''Essa decisão é absurda. Nunca houve um caso de jogador que tenha morrido por jogar na altura, mas há registros de mortes por excesso de calor em jogos disputados ao nível do mar'', defendeu o equatoriano Luís Chiriboga.



O presidente do Toluca, do México, que fica a 2.670 m acima do nível do mar, vai pelo mesmo caminho. Angel Lopez utiliza o mesmo argumento, de que jogar sob um calor muito forte é mais perigoso para a saúde do jogador do que correr na altitude.



''É muito pior jogar debaixo de 38 ou 40 graus de temperatura, como já aconteceu em Copas do Mundo'', lembrou o dirigente.



A medida foi aplaudida por dirigentes de Brasil e Argentina, que alegam ter o desempenho de suas equipes prejudicadas nas grandes altitudes. Dirigentes de clubes brasileiros e argentinos esfregaram as mãos de contentamento, pois tiveram suas reivindicações atendidas pelas Fifa.



Resta saber como se comportará o Comitê Olímpico Internacional diante desse precedente, pois nesses países e cidades com altitude maiores de 2.500 metros são disputadas competições internacionais de magnitude.



Nos jogos pan-americanos do México, em 1975, o atleta brasileiro João do Pulo quebrou o recorde mundial do salto triplo, feito que foi parcialmente atribuído à altitude e à fraca densidade da atmosfera local.