Ocupação na USP: Estudantes têm blog e sabatinam jornalistas

Por Nathália Duarte e Thaís Naldoni
Os estudantes que ocupam a Reitoria da Universidade de São Paulo (USP), desde 3 de maio, têm tomado medidas polêmicas para divulgar o andamento das negociações e os acertos ocorridos em virtude das manifestações e pr

Há algumas semanas, os estudantes lançaram um blog, atualizado diariamente por alunos que estão ocupando a reitoria, que pretende divulgar monções de apoio, fotos, vídeos, notícias e informar ao público sobre a programação dos próximos protestos, a fim de continuar o que chamam de ''processo democrático de reivindicações e deliberações''.


 


Porém, a mais nova e controversa medida tomada pelos estudantes foi a criação de uma Comissão de Comunicação, que sabatina os jornalistas que desejam cobrir os protestos, antes de autorizar que eles entrem nas instalações da reitoria.


 


Segundo informações da repórter Andréa Beer da Rádio BandNews, os estudantes só autorizariam jornalistas formados por universidades públicas a ingressarem no local. As entidades estudantis também estariam proibidas de entrar e, mais ainda, de intervir nas manifestações.


 


''Relatei que uma produtora da TV Band contou que respondeu a algumas perguntas antes de entrar no prédio na semana passada, e que eu não havia conseguido autorização no início da outra semana. Uma das perguntas que fizeram foi sobre faculdade pública ou privada. Chegaram a pedir, inclusive, a carteirinha da universidade'', explica a jornalista.


 


''Basta chegar''


 


Procurado para esclarecer a situação, um representante da Comissão de Comunicação informou que, em decisão de plenário, nenhum veículo estaria autorizado a entrar, mas que, apesar disso, qualquer jornalista teria abertura para chegar à ocupação e solicitar uma entrevista. ''Basta chegar à porta da ocupação e pedir uma entrevista que um dos membros da comissão irá atender o jornalista e conceder a entrevista sem problemas e sem restrição de veículo ou formação universitária'', explicou.


 


Mesmo com a justificativa do representante, as sabatinas parecem ser uma realidade. ''Fui sabatinado também e as perguntas não tinham justificativa. Me assusta o fato de estudantes de comunicação de uma universidade pública tentarem cercear o trabalho da imprensa'', alerta um jornalista, que preferiu não se identificar.


 


Fonte: A Imprensa