Juventude do PT polemiza sobre a ocupação na USP

Leia artido do presidente da Juventude do PT, Rafael Moraes (Pops), polemizando com outro artigo de seu jovem companheiro petista, Diogo Frizzo, sobre o movimento de ocupação à reitoria da USP, que nesta sexta-feira (1º de junho) compeltou um mês. No arti

Todo apoio à ocupação da USP!!



Rafael Moraes (Pops)*
 
 


Recentemente foi publicado no site do PT um artigo do companheiro Diogo Frizzo sobre a ocupação dos estudantes da USP. Neste artigo, ele argumenta a importância da ocupação, mas conclui que era preciso desocupar para construir uma greve. Segundo ele, que chegou a ironizar os ocupantes, existiam limites grandes.


 


Desde que li este texto fiquei com mal estar com essa manifestação pública no site do PT. Fiquei desse jeito pois lembrei da greve de 2001 na UnB e de todos os embates que tivemos lá. De como o movimento surgiu de maneira espontânea e foi amadurecendo. Naquela greve, chamamos primeiro a assembléia pra deflagrar a greve e depois montamos nossa pauta de reivindicação. Eram cerca de 80 itens!!! Éramos inexperientes e tínhamos pouca experiência do movimento estudantil, mas mobilizamos cerca de 2 mil estudantes.  Tínhamos um comando de greve aberto a todos os estudantes e, embora os partidos e a UNE não fossem bem vistos, a participação era aberta a eles. Depois de 108 dias de greves, tivemos vitórias nacionais e locais. E o movimento estudantil se reestruturou na UnB, onde o DCE estava fechado fazia 3 anos.


 


Certamente existem muitas diferenças com a ocupação da USP, mas existem muitas convergências. Há muitos anos não se tinha manifestação tão massiva dos estudantes da USP. O movimento estudantil existia de maneira marginal e mesmo as eleições do DCE tinham quorum baixo para o número total de alunos. Muito disso não era responsabilidade das gestões do DCE, mas sim do conservadorismo e academicismo muito forte existente na USP. A ocupação conseguiu dar uma resposta a isso. Abre-se uma oportunidade muito boa para que o movimento estudantil da USP volte a ter um protagonismo maior.


 


Posso concordar que a ocupação tenha seus erros e, por vezes, apresenta seus limites. Nenhum movimento é perfeito! Quando o PT começou a surgir, fomos acusados de ser “da CIA”. Quando fundamos a CUT, diversos setores da esquerda nos criticaram. O próprio PT surgiu da ousadia de novas experiências e não pode se espantar ou negar quando elas surgem. Ao mesmo tempo a negação do PT ou dos partidos também não serve para a construção de um movimento de massas. É preciso garantir a democracia e a liberdade de organização, sem que fiquemos atacando entre essas duas visões. O texto do Diogo me parece ter essa implicância. Já que a ocupação nega os partidos, temos que negar a ocupação! Isso é um erro! A ocupação é legítima e justa. Dá uma resposta ao governo autoritário de José Serra e contribui para o avanço do movimento estudantil. Esta não será a primeira nem a última vez que uma parcela da juventude tem distância dos partidos.


 


Quando esse mesmo texto foi publicado, eu também não concordava com a necessidade de desocupação, pois o movimento estava em ascensão e acumulando força. Recuamos quando percebemos que estamos perdendo força e avançamos o possível — não era esse cenário na ocupação da USP. Naquele momento, os professores iniciaram uma greve, a mídia deu destaque nacional e as negociações não eram mais somente com a reitoria, mas com o governo estadual. A maior prova de que não deveriam desocupar veio agora, com as mudanças que o senhor José Serra fez aos decretos. Boas ou ruins, são uma prova de que a ocupação pressiona o governo! E este está recuando…


 


Sobre isso, lembrei de um episódio daquela greve de 2001. Tínhamos marcado trancamento nacional de rodovias, íamos para a rodovia Brasília-Rio em 8 pontos diferentes no dia 12 de setembro. No dia 11, derrubaram as Torres Gêmeas! Muitos queriam recuar, pois não teríamos a repercussão esperada. Decidimos manter e os atos foram fundamentais para ampliar o movimento grevista pelo Brasil.


 


A ocupação deve seguir e saber avaliar o momento certo de negociar e terminá-la. Certamente avançaram muito! O movimento é vitorioso! Na semana que vem, receberá apoio de diversas ocupações de reitorias de federais que estão sendo organizadas pela UNE e pelo movimento estudantil. Temos que entender essa iniciativa como mais um apoio à ocupação da USP e como esta contribuiu para agitar o movimento estudantil brasileiro. O movimento estudantil segue vivo e sempre se renovando e surpreendendo. Isso faz dele o movimento social ativo em todos os momentos de luta nesse país! Por isso, todo apoio à ocupação da USP!


 


*Rafael Moraes (Pops) é secretário nacional de Juventude do PT