Greve na CSN tem adesão de 80% e pode durar 15 dias

No início da tarde deste sábado (2), a adesão à greve na CSN, a maior siderúrgica da América Latina, era “de 80% a 85%” dos 8 mil trabalhadores da usina, conforme afirmou ao Vermelho o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Volt

Jordão diz que a greve pode ser “comprida” e durar “para lá de 15 aidas”. “Estamos nos preparando para isso”, adverte, em razão da intransigência mostrada pela empresa até agora.



À sombra do massacre de 1988



Ele não descarta a possibilidade de uma repressão violenta, como a que marcou profundamente a cidade e a categoria em 1988. “Pode ser que aconteça. Mas da nossa parte não haverá violência. Temos um comando de greve bem ordeiro, tudo tranqüilo. Não estamos coibindo ninguém, estamos argumentando”, explica o sindicalista.



A greve de novembro de 1988 foi esmagada pela Polícia Militar e o  Exército. No dia 9, a siderúrgica, ocupada pelos grevistas, foi invadida pela tropa, que matou três operários (Carlos Augusto Barroso, de 19 anos; Walmir Freitas Monteiro, 27 anos; e William Fernandes Leite, 22 anos) e deixou cerca de uma centena de feridos. Um monumento no centro da cidade, projetado pelo arquiteto Oscar Neiemeyer, homenageia os metalúrgicos assassinados.



“O povo entrou na passeata”



O movimento atual, decidido na sexta-feira em votação secreta da categoria, e deflagrado à zero hora, é a primeira greve na CSN desde 1990. Jordão destaca o apoio da cidade aos metalúrgicos. Na manifestação de rua que se seguiu à apuração dos votos pró-greve, “o povo entrou na passeata”, conta ele.



A greve recebeu o apoio das comunidades locais, dos bispos dom Waldir Calheiros e dom João Maria Messi, dos sem-terra do acampamento Irmã Doroty do MST, nas imediações da cidade, e até do prefeito de Volta Redonda, Gothardo Lopes Netto (um médico eleito em 2004 pelo PV, com apoio do PDT e PCdoiB, mas sem partido desde 2006). “O prefeito já deu apoio total ao movimento”, destaca Jordão.



A solidariedade se explica pelo grande papel que os metalúrgicos continuam a ter na cidade de 260 mil habitantes, no sul do estado do Rio de Janeiro. Apesar das demissões ocorridas a partir da privatização da usina, em 1993, a categoria continua a ser decisiva para a economia local e a marcar a fisionomia de Volta Redonda.



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