Senado: Cafeteira relatará Caso Renan no Conselho de Ética

O presidente do Conselho de Ética do Senado, Sibá Machado (PT-AC), designou Epitácio Cafeteira (PTB-MA) como relator do processo aberto nesta quarta-feira (6) para investigar as denúncias da revista Veja contra o presidente da Casa, Renan Calheir

A abertura do processo é a alternativa mais dura entre as que o Conselho de Ética poderia encaminhar. As outras seriam pedir o arquivamento imediato do pedido de processo, feito pelo Psol, ou ainda esperar a conclusão das investigações da Corregedoria do Senado para iniciar a análise do requerimento no Conselho de Ética.



Prazo para a defesa



Renan receberá a representação do Psol e terá um prazo de cinco sessões ordinárias para apresentar sua defesa por escrito. Se quiser, o Conselho pode convocar testemunhas e promover diligências.



Cafeteira não participou da reunião do Conselho, por não estar em Brasília. Mas, conforme Sibá, foi consultado por telefone na véspera e aceitou ser o relator da matéria.



Sibá pediu que a secretaria do órgão encaminhe imediatamente ao senador maranhense toda a documentação disponível sobre fatos relacionados na representação encaminhada pelo Psol. O partido quer que se investigue a denúncia publicada em maio na revista Veja, insinuando que Renan receberia propinas das empreteiras Gautama e Mendes Junior, citando pagamentos à jornalista Mônica Veloso, mãe de uma filha do senador. Renan sustenta que todos os pagamentos sairam do seu bolso.



O senador José Nery (Psol-PA), um dos autores da representação contra Renan, declarou-se ''satisfeito'' com a decisão. ''O que para nós é fundamental é a tarefa do conselho no sentido de apuração dos fatos. Apuração não é condenação antecipada. O que reivindicamos é a investigação mediante as denúncias'', disse Nery.



Mais alguns dias ''sangrando''



O episódio está sendo investigado também pela Corregedoria do Senado. Sibá pediu ao corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), que encaminhe ao Conselho um resumo da investigação e os documentos apresentados por Renan em sua defesa.


Nesta terça-feira (5), Tuma  ouviu Cláudio Gontijo, lobista da Mendes Júnior, que confirmou a versão de Renan. O lobista disse ser amigo do senador há mais de 20 anos e que apenas entregava o dinheiro à jornalista para evitar constrangimentos ao presidente do Senado. Segundo o Gontijo, os recursos financeiros eram do próprio senador.



Depois do depoimento, o senador Romeu Tuma declarou ter documentos que comprovam que Renan tinha condições financeiras de pagar pensão, aluguel e segurança privada à jornalista, com quem tem uma filha. O corregedor disse que quer ter certeza de que os recursos foram efetivamente recebidos por Mônica numa conta corrente no Unibanco, citada por Gontijo.



A boa vontade de Tuma parecia indicar um desfecho rápido e favorável a Renan. A decisão do Conselho de Ética obriga-o a ''sangrar'' (a expressão é do próprio senador) por mais alguns dias. Mas não se acredita que tenha maiores consequências. Cafeteira é muito ligado ao senador José Sarney (PMDB-AP), aliado do presidente da Casa. Acredita-se que irá inocentá-lo.



Da redação, com agências