Cachorro-do-mato-vinagre reaparece em Minas

    “Uma grande descoberta!” É assim que os ambientalistas classificam o reaparecimento do cachorro-do-mato-vinagre, Speothos venaticus (nome científico) em Minas Gerais, mais especificamente no Parque Estadual Veredas do Peruaçu, em Cônego Marinho, região Norte do estado. O primeiro registro oficial do bicho em terras mineiras, até então, era do naturalista dinarmaquês Peter Lund, em 1840, a partir de fósseis encontrados em Santa Luzia, na Grande BH, e de um exemplar vivo capturado por caçadores e mantido num cercado de casa. Em 1995 o animal foi dado como extinto. Agora, funcionários do parque – administrado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) – avistaram o animal e registraram as pegadas, confirmando o “renascimento” da espécie, considerada a mais rara entre os canídeos selvagens do Brasil.

    Arisco e misterioso, o cachorro-do-mato-vinagre é difícil de ser filmado e fotografado, mesmo em cativeiro. Desde 1999, o Zoológico de Belo Horizonte mantém uma família de cachorro-do-mato-vinagre, emprestada pelos zoológicos de Americana e São Bernardo do Campo, SP. “Quem conseguir fotografá-los pode guardar bem a foto. Trata-se de uma raridade”, afirmam os funcionários do Zôo.

    O zoológico de São Paulo também mantém exemplares do bicho à disposição do visitantes. Há registros do animal de Roraima a Santa Catarina, mas ainda não houve estudos significativos sobre a espécie em habitat natural. O que se sabe é que ele tem hábitos diurnos e só deixa os esconderijos – ocos de árvores, buracos de tatus e tocas – nas primeiras horas da manhã para caçar (diferentemente da raposa e do lobo guará – parentes mais próximos, que caçam à noite). O diretor de biodiversidade do IEF, Célio Valle, afirma que o animal é um exímio caçador. Patos e seriemas, aves de pequeno e médio portes, e roedores, como pacas e lontras, são o principal alimento do cachorro-vinagre.

    Para os pesquisadores, o reaparecimento de uma espécie dada como extinta é tão importante quanto a descoberta de uma nova. Com a localização do cachorro-vinagre, o IEF reforça a proposta de criar uma nova reserva em Minas: o Parque Estadual do Janauira, numa referência ao nome dado pelos índios ao cachorro-vinagre. Ainda neste semestre, o instituto pretende pedir ao governo do estado a desapropriação de duas grandes fazendas que fazem divisa com o Parque Veredas do Peruaçu. A área preservada passaria dos atuais 30 mil ha para 150 mil ha, segundo Célio Valle.

Fonte; Portal UAI