O desafio de ser gay
O encontro convocado pela Comissão Nacional de Movimentos Sociais, realizado sábado (09) no Comitê Central, não serviu apenas para aprofundar o debate partidário sobre a diversidade sexual. Questões organizativas e de conceituação foram apontadas como
Publicado 11/06/2007 15:40 | Editado 04/03/2020 17:19
A palavra ''gay'' serve como exemplo de como um conceito comporta discussões em diversas dimensões. A cartilha ''Brasil sem homofobia'' – editada pela Secretaria Especial de Direitos Humanos, do Governo Federal – define gays como indivíduos que, além de se relacionarem afetiva e sexualmente com pessoas do mesmo sexo, têm um estilo de vida de acordo com essa preferência, vivendo abertamente sua sexualidade. Não há, portanto, vinculação ao gênero. Em várias partes do mundo, a expressão ''gays'' identifica tanto homens ou mulheres, mas no Brasil o termo é mais vinculado aos homens.
Carmen Lucia Luiz, da Liga Brasileira de Lésbicas, destaca que além da questão propriamente política, há questões de princípios que interferem na condução da luta. Ela cita o projeto da PCR (Parceria Civil Registrada, projeto da ex-deputada Marta Suplicy) que está prestes a ser votado. ''Ao transformar essa questão numa plataforma política, carimba-se o tema e estancam-se novas discussões que surgem'', afirma Carmen. Ela considera que a PEC 70/03 (proposta de emenda constitucional de autoria do ex-senador e atual governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral) traz um conceito mais avançado para a discussão, pois uma alteração constitucional é mais importante do que uma lei ordinária. Carmen considera que, no curto prazo é importante aprovar a PCR, mas a longo prazo a valorização da PEC garantirá maiores avanços ao movimento.
A secretária de Movimentos Sociais do Espírito Santo, Pandora, considera que a politização é um dos maiores desafios do movimento, do ponto de vista organizativo. Ela considera que as paradas de orgulho homossexual têm demonstrado que o movimento está avançando, mas é preciso dar um caráter mais político à luta. ''Em todos os lugares onde há gente, há diversidade e o que não pode é ter discriminação aos GLBT, pois não há sociedade de iguais se houver discriminação'', exemplifica Pandora para destacar a importância da politização movimento, principalmente dos setores ainda não organizados.
Matheus Rodrigues Pinto, da direção da UJS de Niterói/RJ, aponta a dificuldade para a inserção da juventude no movimento, que atualmente é conduzido por pessoas mais velhas. Com isso, afirma, o combate à homofobia nas escolas e universidades enfrenta dificuldades. Matheus considera fundamental incentivar estudos de iniciação científica e pesquisa, voltados à população GLBT.
De Campinas,
Agildo Nogueira Jr.