Parada Gay leva políticos e mais de 300 mil turistas a SP

A maior Parada GLBT do mundo levou 3,5 milhões de pessoas a Avenida Paulista no último domingo. Um grupo de autoridades compareceu e destacou a importância da manifestação para a visibilidade GLBT. Entre elas estavam o prefeito da cidade, Gilberto Cassab,

Esporte e GLBTT


 


Nelson Matias, presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo (APOGLBT) abriu uma coletiva à imprensa no domingo. Para Nelson, o mais importante é intensificar a luta dos GLBT na conquista da aprovação do projeto de lei 122/2006 que criminaliza a homofobia. “Este é um dia significativo para a cidade de São Paulo. Tomamos uma das principais avenidas do mundo para solicitarmos nossos direitos. A Parada não representa apenas uma luta dos GLBT, é uma luta de todos os cidadãos de vanguarda, que não querem uma sociedade intolerante, que desejam uma sociedade sem machismo, sexismo, racismo e homofobia. Na rua são milhares de pessoas mostrando que é possível. Ainda há uma dicotomia inaceitável onde perante a legislação somos todos iguais em direitos, mas todos sabemos que não somos. É por isso que estamos aqui hoje, ainda falta muito pra lutar. Temos que aprovar a lei contra a homofobia.”


 


O ministro dos Esportes Orlando Silva fez questão de prestigiar a manifestação e compareceu à coletiva. “Fiquei muito contente porque o Ministério dos Esportes pôde apoiar efetivamente o Mês do Orgulho GLBT este ano. O esporte tem na sua essência a amizade, respeito e a tolerância, os mesmos valores que estão em prática aqui hoje”, disse. Em parceria com o Ministério dos Esportes a APOGLBT promoveu este ano a 1º Corrida Pela Diversidade realizada na quinta-feira (7).


 


Turismo



 


Além do ministro Orlando, também a ministra do Turismo, Marta Suplicy esteve presente na coletiva. “Quem diria que aquela pequena passeata se tornaria a maior manifestação GLBT do mundo. Este é o evento que traz mais turistas para São Paulo, mais até que a Fórmula 1. É uma prova de que o Brasil acolhe a diversidade e respeita o diferente. Mas é claro que queremos mais, queremos as leis que nos dão direito à cidadania”, lembrou Marta.


 


O Prefeito da cidade, Gilberto Kassab, também fez referência ao número de turistas que a Parada tem trazido a cidade. “A cidade de São Paulo tem na Parada o evento que traz maior número de turistas para a cidade”, disse após parabenizar os grupos organizadores do evento que, segundo ele, celebrar a liberdade e o combate à discriminação.
 


 


Festa e política


 


Às 13h30 da tarde deste domingo o carro de abertura da APOGLBT posicionado em frente ao MASP, comandado pela drag Silvetty Montilla, ainda chamou ao microfone na cerimônia de abertura Regina Facchini, vice-presidente da APOGLBT, Tony Reis, da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT), o apresentador de televisão Leão Lobo e a vereadora Soninha Francine.


 


As falas deram o tom politizado da festa e chamaram todos os participantes a realizarem um verdadeira parada todos os dias por onde passassem. A vereadora Soninha lembrou pesquisas recentes em que 60% das pessoas que já participaram de uma parada sofreram algum tipo de agressão por sua sexualidade. “Nós sabemos que hoje é um dia onde o mundo reconhece as diferenças, mas amanhã tudo pode voltar a ser como ontem, por isso precisamos fazer de nossas vidas um verdadeira parada permanente na luta contra a homofobia, o machismo e racismo”, disse a vereadora.


 


O presidente da APOGLBT Nelson Matias terminou o ato de abertura da parada desejando uma boa manifestação a todos. Após a execução do Hino Nacional, às 14h em ponto, milhares de balões coloridos com o arco-íris anunciaram o início da Parada GLBT nos céus de São Paulo. A DJ Gláucia++ abriu o repertório dos carros que teve desde música eletrônica, a hits do pop rock e música dos anos 80.


 


Prevenção e Segurança


 


Na extensão da Avenida Paulista cinco barracas do Programa Municipal e Estadual de DST/AIDS e mais 230 técnicos uniformizados foram os responsáveis pela distribuição de 1 milhão de preservativos. A segurança das 3 milhões de pessoas presentes na Paulista também contou com números grandes. De acordo com o secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Ronaldo Marzagão, 800 policiais militares e mais um efetivo da Guarda Civil Metropolitana fizeram a segurança da Avenida Paulista e das ruas adjacentes.


 


O secretário Marzagão comentou sobre a cooperação entre a comunidade GLBT e a polícia militar no sentido de coibir a violência contra GLBT. “Sabemos que a violência a homossexuais é grande, entretanto, só podemos agir se recebermos denúncias, e poucos são os casos comunicados a nós. Por isso gostaria de reiterar a necessidade desse trabalho parceiro de colaboração”, disse durante a coletiva.


 


Campanha Educativa


 


Todo o percurso da manifestação foi contemplado pela maior Campanha Educativa da história das Paradas de São Paulo. 100 banners, 11 faixas, 100 mil bandeirinhas, 2 mil camisetas e 100 mil cartilhas sobre os direitos de GLBT visibilizaram a luta contra o racismo, machismo e a homofobia. A campanha foi realizada pela APOGLBT com o apoio da organização Católicas pelo Direito de Decidir e o Grupo Corsa. Valéria Melki, representante das católicas, também esteve presente na coletiva e na cerimônia de abertura e comentou o apoio. “É muito bom poder ajudar a desconstruir as idéias fundamentalistas da sociedade. Estas mensagens farão as pessoas refletirem sobre os direitos GLBT”.


 


Cada tema da Parada GLBT deste ano teve um carro da APOGLBT dedicado. As Católicas pelo Direito de Decidir percorreram os 4 km do trajeto no carro Contra o Machismo. A Rede Afro LGBT esteve presente no carro Contra o Racismo. A APOGLBT ainda contou com outros dois carros temáticos, o carro Contra a Homofobia e o da Visibilidade Trans onde estavam militantes do movimento GLBT.


 


O último carro deixou a Avenida Paulista por volta das 17h30. O trio-elétrico onde tocou a atração internacional Fischerspooner partiu da Consolação e iniciou o percurso às 18h15. A Praça Roosevelt abrigou milhares de pessoas até às 22h. Sem dúvida a noite de domingo ganhou outro tom, mais colorido, na madrugada deste domingo, dia 10.


 


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