Marwan Barghouti: Libertar a Palestina também libertará Israel

Em mensagem enviada ao jornal L' Humanité, por meio do deputado do Partido Comunista Francês Jean-Claude Lefort e também publicada no site Rebelión, o deputado palestino Marwan Barghouti, preso em Israel e condenado a prisão perpétua fala dos 40 anos da G

“Hoje quero de novo recordar que vivi toda a minha vida sob a ocupação israelense, a minha vida, essa viagem feita de frustrações e sofrimentos que começaram há 40 anos. Durante estas quatro décadas, como todos os palestinos, suportei todas as penas, as dores, a prisão, a tortura e a expulsão. Sofri interrogatórios desumanos nas prisões do ocupante. Fui detido arbitrariamente sem mandato, sofri prisão domiciliar e escapei a várias outras tentativas de prisão. Não estive presente quando nasceram os meus quatro filhos, não os vi crescer, não assisti à distribuição dos prêmios nas escolas, fui privado de todos esses momentos de alegria… como aconteceu com dezenas de milhares, centenas de milhares de palestinos.



Sempre sonhei com um país livre e um estado democrático, com um país onde pudéssemos viver em paz com os nossos vizinhos, com o Estado de Israel, esse Estado que infligiu tantos sofrimentos ao meu povo. Sonho ainda que um dia o meu povo será libertado da escravidão que lhe foi imposta pela ocupação israelense. Estou orgulhoso por o povo palestino recusar vergar-se à humilhação e ao infortúnio da ocupação e continuar a sua resistência legal para obter a liberdade, o direito ao regresso e a independência… como outros povos o fizeram no passado. Porque hoje os palestinos suportam graus de humilhação, de miséria e de desnutrição piores que aqueles que sofreram durante os 40 anos de ocupação. A brutalidade e a discriminação atingiram o máximo.



É tempo de todos aqueles que desejam que a paz, a segurança e a estabilidade reinem no mundo compreendam que para atingir este objetivo no Oriente Médio é preciso pôr fim à ocupação por Israel de todos os territórios palestinos ocupados desde 1967, assim como à ocupação de todas as terras árabes usurpadas. É preciso criar um Estado palestino independente e soberano com Jerusalém como capital. Por último, a paz, a segurança e a estabilidade só reinarão na nossa região se for encontrada uma solução justa para o problema dos refugiados palestinos, uma solução baseada na resolução 194 da ONU.



Os amigos que estão ao nosso lado na nossa justa luta apoiam a justiça, a liberdade, o humanismo e o respeito pelos direitos do homem. Já é tempo de pôr fim à mais longa e mais atroz ocupação da história do mundo moderno. A libertação da terra e do povo palestinos, para além da libertação do nosso povo, é igualmente uma oportunidade para libertar o povo israelense dos males, dos crimes e das tensões da ocupação. O nosso povo nunca esquecerá os que nos têm apoiado, homens, mulheres, indivíduos, associações e partidos políticos, instituições, comitês de solidariedade, Estados estrangeiros e povos. Nunca esqueceremos que se colocaram ao lado do povo palestino na sua luta para superar estes tempos difíceis e a nobreza do seu empenhamento ficará na nossa memória. Tenho esperança que nós, o povo palestino e os nossos amigos, poderemos celebrar um dia nas ruas e nas praças de Jerusalém o advento da liberdade e da paz na nossa terra, Palestina, terra de paz”.