UJS quer Lúcia Stumpf na presidência da UNE
Por Carla Santos
A gaúcha de 25 anos, Lúcia Stumpf, atual diretora de Relações Internacionais da UNE e estudante de jornalismo da FMU da capital paulista, é a candidata da União da Juventude Socialista (UJS) á presidência da UNE. A decisão foi&nbs
Publicado 13/06/2007 19:37
Embalados pela discussão apresentada por Walter Sorrentino, Secretário de Organização Nacional do PCdoB, sobre a situação política no mundo, na América Latina e no Brasil as jovens lideranças socialistas realizaram um rico debate sobre as mobilizações do movimento Bloco na Rua ao congresso da UNE e avaliaram perspectivas para o movimento social, em especial o movimento estudantil universitário.
Subir o tom
Assimilar cotidianamente a idéia de elevar o tom com relação às críticas ao governo Lula, mantendo a autonomia dos movimentos sem resvalar em uma ação oposicionista, foi um dos temas mais destacados na reunião. A necessidade de consolidar as entidades estudantis desde o centro acadêmico (CÃS) até ás uniões estaduais (UEEs) com mobilizações de rua que pautem reivindicações locais, estaduais e nacional, é avaliado pelos jovens como a principal tradução prática do tom que a UJS quer ajudar a construir nos movimentos sociais, em especial no movimento estudantil.
“A nova forma de eleição de delegados ao congresso da UNE, com diretas por universidade, está levando outro tipo de delegado ao 50º Congresso. São lideranças representativas e qualificadas que querem fazer luta e botar o bloco na rua para construir um Brasil não apenas com mudanças importantes, mas paliativas. A turma quer mudanças de verdade, que alterem a vida dos brasileiros. A UNE vai precisar ter muita sabedoria pra saber aproveitar o máximo possível todo esse potencial neste congresso”, disse o presidente da UJS, Marcelo Gavião na reunião.
Segundo a Comissão Nacional de Credenciamento e Organização do 50º Congresso (CNCO) o encerramento do credenciamento realizado no último dia 20 de maio contabilizou a possibilidade do congresso ter cerca de 4.500 delegados, de quase duas mil universidades entre públicas e privadas das quatro mil existentes no país.
UEEs
A preocupação de como estruturar e consolidar as UEEs nos estados passou pela maioria das falas no encontro. Isto porque as lideranças acreditam que sem lutas mais específicas, como a que acontece com a ocupação da reitoria da USP e que levou a UNE a realizar o dia Nacional de Ocupações da UNE no último dia 6, é complexo construir grandes mobilizações nacionais que possibilitem um novo ascenso de massas no país.
“Os congressos das UEEs de Santa Catarina, São Paulo, Paraná, Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro, e acredito que também o de reconstrução da UEE do Pará, a se realizar de 30 de junho a 1º julho, mostraram que subir o tom e elevar o nível de mobilizações do movimento estudantil não é apenas uma questão de mudar o discurso. A gente viu que há uma necessidade de dar respostas políticas concretas pra tudo que se passa dentro da universidade. Penso que o grande desafio deste 50º Congresso será intensificar a identidade da UNE com a sua base social. Para isso a gente tem que garantir cada vez mais uma diversidade temática e uma aprimoração da nossa elaboração educacional não apenas na UNE, mas sobretudo nas UEEs, porque as entidades estaduais são o espelho da UNE para os DCEs (diretórios centrais acadêmicos) e para os CAs”, disse Pedro Mourão, presidente da UJS de Minas Gerais.
Para o presidente da UNE, Gustavo Petta, também membro da DN da UJS, o diálogo com as demandas de outros movimentos – para além daqueles liderados pela UJS – e com as mais diversas juventudes partidárias é uma das melhores saídas para ampliar a presença da UNE nas universidades. “Hoje a UNE fala sobre software livre, GLBTT, gênero, a questão racista, realiza encontros sobre avaliação, atua no debate de extensão universitária com o Projeto Rondon e desenvolve um grande trabalho na área cultural, com os circuitos e centros universitários de cultura e arte (Cucas). Tudo isso não seria possível apenas com a participação de lideranças ligadas á UJS, outros movimentos e outras correntes de opinião foram decisivas na construção de todo esse trabalho. Quanto mais diversidade de opiniões a UNE puder alcançar maior será o seu potencial de mobilização para alterar profundamente os rumos do país”, destacou Petta.
70 anos com três presidentas
Ao longo dos seus 70 anos apenas três mulheres assumiram a presidência da UNE. A primeira presidenta foi eleita 45 anos depois da fundação da entidade (1937), trata-se de Clara Araújo (1982/1983). Três anos depois os estudantes elegeram Gisela Mendonça (1986/1987) para representá-los. A última mulher eleita para a presidência da UNE foi Patrícia de Angelis (1991/1992). A gaúcha antecedeu a gestão de Lindberg Farias (1992/1993) que, em conjunto com a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), liderou as maiores mobilizações de rua da última década, o Fora Collor.
Se eleita presidenta no 50º Congresso, Lúcia Stumpf, também gaúcha como Patrícia, quebrará um jejum de 16 anos sem uma mulher à frente da UNE. “É uma grande responsabilidade”, falou Lúcia na reunião. “Mas ao mesmo tempo é um grande desafio porque a próxima gestão terá que construir o prédio da Praia do Flamengo, ampliar a diversificação de atuação da entidade, aprofundar o diálogo com a diversidade de opiniões entre os estudantes e, sobretudo, realizar grandes mobilizações que possam desaguar nas mudanças que precisamos fazer na universidade e no Brasil”.
Porém, ninguém saiu da reunião acreditando que Lúcia já está eleita, ao contrário do que quis dizer a secção Toda Mídia do jornal Folha de S.P desta quarta (13). “Falta menos de um mês para o congresso da UNE, mas para a vitória do movimento Bloco na Rua esses últimos dias valerão por dois anos. Por isso, este é o momento de elevar ao máximo a nossa mobilização, participando de todos os processos eleitorais já credenciados e debatendo com todos os delegados ao congresso as nossas propostas. Queremos uma bancada qualificada que sabe o que quer e sabe pra onde vai: tomar as ruas do Brasil pra pressionar por mudanças reais na política econômica, na educação e por mais direitos”, disse Julio Velozo, diretor nacional de movimento estudantil da UJS.
Nas próximas horas o Vermelho estará publicando com exclusividade uma entrevista com Lúcia Stumpf sobre a sua trajetória e suas opiniões.