FSM de 2009 será no Pará, divulgam entidades brasileiras

O Conselho Internacional (CI) do Fórum Social Mundial (FSM) se reuniu em Berlim, nos dias 29, 30 e 31 de maio, nas vésperas da reunião do G8 que ocorreu no balneário de Hellindamm no norte da Alemanha. Entre as principais definições destaca-se a decisão d

O encontro teve uma participação bastante expressiva de organizações e movimentos de todos os cantos do mundo, dentre eles a Aliança Social Continental, a Focus on the Global South, a Marcha Mundial de Mulheres, o Comitê Organizador do FSM de Nairobi, o Comitê Organizador do FSM da Índia, a Via Campesina e a Organização Continental Latino-Americana e Caribenha de Estudantes, representada pela UNE e a ANPG (as únicas organizações estudantis de todo o mundo presente).  


 


Durante a reunião, pode-se observar que o FSM encontra-se em uma encruzilhada histórica com dois desafios enormes pela frente. O primeiro desafio será realizar com êxito a proposta de transformar os diálogos e articulações que ocorrem no fórum em uma semana de ação global, paralelamente à reunião do Fórum Econômico Mundial de Davos, em janeiro de 2008. A idéia é transformar o dia 26 de janeiro de 2008 em um dia de ação global, em torno do qual ocorrerão uma infinidade de manifestações, encontros e eventos sob o lema do FSM: “Um outro mundo é possível”.


 


FSM centralizado


 


O desafio seguinte será realizar um evento centralizado do FSM, em janeiro de 2009, na região amazônica, mais especificamente na cidade de Belém. A definição da realização de uma edição centralizada do Fórum em 2009, bem como a sua localização, gerou intensos debates durante o encontro do Conselho Internacional em Berlim.


 


Algumas organizações como a Via Campesina, por exemplo, preocupam-se com a realização de seguidas edições mundiais que deslocariam energias dos movimentos, necessárias para as lutas locais e regionais. Já outras organizações, como o Comitê Organizador do FSM na Índia, preocupam-se com a sobrevivência do Fórum por entender que este tem um papel importante a cumprir na canalização das lutas dos movimentos e organizações antiglobalização neoliberal.


 


Algumas propostas de sede para o próximo FSM foram levantadas durante a reunião, muitas de caráter mais especulativo como México ou Coréia do Sul. As mais concretas partiram do Comitê Africano, com a sugestão de realizar o FSM mais uma vez na África e a proposta do Grupo de Trabalho Amazônico com fortes argumentos para levar o FSM para a Amazônia. O Conselho acabou optando, depois de longos debates, por levar o evento de 2009 para o Brasil.


 


A realização de um Fórum novamente no Brasil, desta vez na Amazônia, tem como simbologia a reafirmação da força do encontro que de certa forma volta pra casa e ao mesmo tempo da sua capacidade de renovação. Em tempos de intensas discussões ambientalistas e ecológicas, sobre as questões da água, biocombustível ou aquecimento global, o FSM se mostra como a plataforma global capaz de promover uma necessária resposta dos movimentos altermundialistas à agenda falsamente progressista apresentada pelo centro da globalização mundial.


 


Por Ana Maria Prestes Rabelo (diretora de Relações Internacionais da ANPG/OCLAE) e Luciano Rezende Moreira (diretor da UNE/OCLAE) de Berlim