Fox News prepara terreno para guerra dos EUA com a Venezuela

A advogada norte-americana Eva Golinger, autora de dois livros sobre a participação da CIA e o uso de dinheiro do governo dos EUA para financiar campanhas de desestabilização na Venezuela, escreveu um artigo no qual mostra como a emissora Fox News vem cri

O texto de Eva Golinger foi publicado no jornal venezuelano La Hojilla. Segundo a autora, a Fox News tem utilizado em relação ao governo de Hugo Chávez a mesma estratégia que foi levada ao ar antes da Guerra do Iraque, com “provas” que evidenciavam a necessidade de uma intervenção dos EUA no país.



Confira abaixo o texto:


 


Fox News começou a guerra



Oitenta por cento dos estadunidenses que acreditavam que existiam laços profundos entre a Al Qaeda e o Iraque, ou que pensavam que Washington havia encontrada armas de destruição em massa no Iraque, ou que a opinião pública internacional estava a favor da Guerra do Iraque, assistiam à Fox News. O canal noticioso do multibilionário  Rupert Murdoch é conhecido por seus ataques brutais e sem fundamentos contra afro-americanos, democratas, árabes, imigrantes, progressistas (esquerdistas) e contra qualquer pessoa, grupo ou governo que não apóie a agenda bélica e imperialista de Washington. E mais que tudo, se fez famoso por essa maneira tão efetiva de justificar e preparar psicologicamente o povo norte-americano para a Guerra do Iraque.



Desde o começo de 2005, a Fox News tem utilizado as mesmas táticas aplicadas no caso do Iraque para convencer seu público da necessidade de derrocar o governo do presidente Chávez na Venezuela; que seja por meio de outro golpe de Estado, uma invasão ou alguma estratégia de guerra e intervenção. Em fevereiro de 2005, a Fox News divulgou uma série de “documentários” intitulada “O punho de ferro de Hugo Chávez”. A narração dessa série proclama no começo que “Hugo Chávez, o líder esquerdista que está levando a Venezuela ao totalitarismo e respaldando movimentos de guerrilha na região, poderia converter-se em um desafio para o governo Bush… Seus críticos dizem que a maneira como seu governo utiliza a riqueza petrolífera representa uma ameaça à região…”. Mais adiante nessa série, um “analista” – o professor de ciências políticas Aníbal Romero – declara que “Chávez é um homem muito perigoso, uma pessoa confusa e profundamente anti-estadunidense. E está preparado para fazer coisas terríveis… “. Outro “especialista venezuelano”, Leopoldo López, prefeito de Chacao, confessa à Fox “que o perigo que estamos enfrentando como venezuelano é a possibilidade de levantarmos um dia e não termos mais nenhuma liberdade… Chávez controla o Tribunal Supremo de Justiça e as Forças Armadas, se apoderou das riquezas do país e introduziu um código penal que criminaliza a oposição. Qualquer pessoa que se oponha a ele está sujeita à violência ou à prisão…”.



Dois anos depois, a Fox News retoma sua guerra contra a Venezuela e o presidente Chávez. Durante a última semana de maio, seu correspondente Adam Housleu chegou a Caracas, pronto para transmitir ao vivo as manifestações da oposição extremista em favor da RCTV. Housley realizou uma dúzia de transmissões desde diferentes partes de Caracas durante mais de dez dias, as quais continham uma perigosa quantidade de mentiras, distorções, manipulações e acusações contra o governo venezuelano, causando um dano irreparável à opinião pública dos EUA. Freqüentemente chamado como “brutal ditador” pelos jornalistas da Fox News, Chávez foi demonizado notícia depois de notícia nesse canal, evidentemente com a intenção de justificar “a necessidade de outro golpe o algo assim” para derrotá-lo.



O correspondente Housley mentia profundamente em suas reportagens, dizendo que a RCTV foi o “último meio de comunicação crítico ao governo no país”, que agora foi fechado por uma decisão caprichosa do presidente Chávez. E entre Housley e os jornalistas em Nova York e Washington que o entrevistavam, além dos chamados “especialistas” sobre o tema, as seguintes mentiras foram disseminadas pela Fox News durante as últimas duas semanas:



– Chávez é um brutal ditador;
– Todos os que se opõem a ele estão presos ou sob grave ameaça;
– Não há mais nenhum meio de comunicação no país que se oponha a seu governo;
– A polícia e as Forças Armadas arremeteram contra estudantes e manifestantes pacíficos por ordem diretas de Chávez;
– Chávez tomou todas as propriedades privadas no país;
– Milhares de opositores estão nas ruas para se manifestar contra o governo;
– Todos os que supostamente apóiam Chávez agem dessa maneira porque são pagos para isso ou porque estão sob pressão e obrigados a agir assim publicamente;
– Chávez apóia o terrorismo e é uma ameaça perigosa aos EUA e à democracia regional;
– Não houve golpe de Estado em abril de 2002. Ele renunciou depois de ter ordenado ações violentas contra seus opositores;
– Os chavistas são socialistas pagos por Chávez;
– Os chavistas são socialistas violentos que atacaram Adam Housley e sua equipe da Fox News;
– Apenas a Fox News reporta a verdade sobre o que acontece na Venezuela;
– Qualquer pessoa que apóie Chávez no exterior o faz porque recebe dinheiro ou benefícios de seu governo;
– Os negros odeiam os brancos, que odeiam os negros. Todos odeiam os índios e os índios odeiam a todos por causa de Chávez;
– As Forças Armadas venezuelanas já não obedecem mais a Chávez;
– Venezuela está a ponto de quebrar e de ver outro golpe de Estado – mas desta vez Chávez não retornaria ao poder.



Essa é apenas uma pequena seleção das perigosas distorções e falsidades que estão sendo transmitidas pela Fox News para justificar a guerra contra a Venezuela. É preciso que todos fiquem muito alertas frente às manipulações e agressões desse canal, porque essa mesma estratégia foi usada de maneira efetiva no caso do Iraque.



No último dia 2 de junho, um dos programas da emissora dedicou um bloco para discutir como a internet poderia ser utilizada para derrubar Chávez. A última palavra do programa foi a de uma especialista em informática e tecnologia, que chegou à seguinte conclusão: “Não há suficientes venezuelanos com acesso à internet para derrubá-lo. O que se  necessita  neste caso é um golpe de Estado”.