Ilimar Franco: A manobra tucana na reforma política

Por Ilimar Franco, em O Globo*
A mudança de posição do PSDB sobre a reforma política foi uma operação de estado maior. Os tucanos, sob o comando do governador José Serra (SP), fecharam posição contra a reforma política. Eles decidiram impedir

Os tucanos agiram, na semana passada, da mesma forma como se conduziram nas eleições para a presidência da Câmara entre Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Em fevereiro, os tucanos acenavam com apoio ao comunista Aldo Rebelo mas, na última hora, após consultas telefônicas, o líder de então, Jutahy Magalhães Junior (PSDB-BA), anunciou apoio ao petista Arlindo Chinaglia. Na época, os serristas justificaram o apoio ao PT dizendo que não poderiam eleger Aldo Rebelo e permitir que se criasse um pólo de poder capaz de impulsionar a candidatura presidencial do deputado Ciro Gomes (PSB-CE).



Na quarta-feira, 13 de junho, os tucanos pegaram o Congresso de surpresa ao anunciar que a maioria da bancada era contra o voto em lista fechada de candidatos e que, mesmo não tendo fechado a questão, votariam contra a lista. Até o dia anterior, o líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio (SP), era um dos principais articuladores da votação em lista, e o ex-líder Jutahy Magalhães Junior um dos seus mais entusiasmados defensores. O que mudou?



“Nós, os Democratas, conversamos muito com os líderes de diversos partidos e quegamos à conclusão que os tucanos não têm interesse em aprovar uma reforma que permita a cinco partidos lançarem candidatos a presidente. Eles querem manter a polarização com o PT”, diz o deputado Ronaldo caiado (DEM-GO), relator do projeto de reforma política.



Aprovado o financiamento público, o PSDB não ficaria sozinho na condição de principal alternativa de poder ao PT, na sucessão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Outros partidos teriam recursos financeiros para lançar um candidato em condições de competir: o PMDB, que teria direito a R$ 136 milhões para financiar suas campanha; o PT, que receberia R$ 127 milhões; o PSDB, R$ 102 milhões; o DEM, R$ 101 milhões; e o Bloco de Esquerda, formado por PSB, PDT e PCdoB, que juntos teriam R$ 112 milhões.



* Fonte: O Globo