Investigação mostra que polícia de SP está atolada em corrupção

A polícia paulista, que nos últimos 12 anos esteve sob o comando do PSDB, está atolada na corrupção. É o que mostra investigação conduzida pela Corregedoria da Polícia Civil que descobriu que quase 90% dos distritos policiais da capital paulista recebiam

Após o surgimento de indícios de que 84 dos 93 distritos policiais da cidade de São Paulo recebiam propina da máfia dos caça-níqueis, delegados e promotores que investigam o caso querem saber qual o significado dos valores atribuídos a sete das 8 delegacias seccionais da cidade nos papéis encontrados com o advogado Jamil Chokr.


 


Em 25 de maio, após um acidente durante uma tentativa de assalto, foram achados dentro do carro de Chokr envelopes de dinheiro identificados com números de delegacias de polícia da capital paulista, com o total de R$ 27 mil.


 


Ele será ouvido pela Corregedoria da Polícia Civil, nesta segunda-feira (18). Este será o terceiro depoimento de Chokr depois que a polícia encontrou indícios de pagamentos da máfia dos caça-níqueis a policiais.


 


Nesta semana, deputados estaduais do PV e do PT colherão assinaturas para a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar o envolvimento da polícia paulista com a jogatina.


 


Cada envelope encontrado com o advogado tinha anotado, como destinatário, um número ordinal para designar o DP, como 16º (Vila Mariana) e 31º (Vila Carrão) e dentro, havia um cálculo. O total de caça-níqueis era multiplicado por 40.


 


O resultado dessa conta era igual ao valor em dinheiro do envelope. Apenas nove distritos da cidade não constam nos envelopes e nas tabelas como beneficiários da propina. E dois deles – 36º DP (Paraíso) e 70º DP (Sapopemba) – eram destinatários dos envelopes com dinheiro, mas não há valores nas tabelas.


 


As quantias associadas às seccionais variam de R$ 2 mil (6.ª Delegacia Seccional, em Santo Amaro, zona sul) a R$ 10 mil (1.ª Delegacia Secional, região central) e diferem do método de contabilidade criada por Chokr para estabelecer o mapa da propina dos distritos. Isso porque a soma não está relacionada à quantidade de máquinas existentes na área de atuação de cada distrito. A única delegacia que não tem o nome associado a nenhuma quantia é a 8.ª Seccional (São Mateus, na zona leste). Além de administrarem um conjunto de delegacias de bairro, as seccionais mantêm setores próprios de investigação.


 


O que a Corregedoria da Polícia Civil pretende saber de Chokr é o significado desses valores. No segundo depoimento, quando ainda se recuperava do acidente de carro sofrido dia 25, o advogado afirmou que as tabelas relacionando os distritos às quantidades de máquinas eram um controle de honorários pagos pelas empresas Reel Token e Jack Fortum. A justificativa, no entanto, não valeria no caso das seccionais.


 



20 investigadores afastados


 


No sábado (16), a polícia anunciou o afastamento de pelo menos 20 investigadores-chefes de distritos policiais da capital.


 


Homens de confiança dos delegados titulares, os nomes dos investigadores também estavam em anotações do advogado.


 


Os policiais afastados tiveram a quebra de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico pedido pela corregedoria na semana passada. De um total de 27 investigados, 26 estão na ativa e cerca de 20 ocupam cargos de chefia. A partir de agora, eles vão exercer funções burocráticas.


 



Serra: punição?


 



Questionado sobre a dimensão dos casos de corrupção na polícia paulista, comandada há mais de uma década pelo tucanato, o governador José Serra (PSDB) prometeu não deixar impunes os policiais envolvidos com a máfia dos caça-níqueis acusados pela Operação Strike.


 


''Tudo que tiver havido de errado vai ser diagnosticado e punido em nome da segurança em São Paulo'', afirmou.


 


Apesar das promessas de Serra, a investigação da polícia anda a passos de tartaruga. Desde o dia 25, quando a contabilidade do advogado Jamil Chokr foi apreendida, indicando pagamento de propinas a DPs, nenhum policial foi afastado. E o Instituto de Criminalística (IC) pode levar dois anos para periciar os 12 mil caça-níqueis apreendidos desde março em 2.221 locais, caso a Justiça mande examinar a probabilidade de ganho em cada máquina.



Da redação,
com agências