Waldir Porfírio: O “Bolsa Terrorismo” da “Veja”

Li atentamente a reportagem da revista Veja desta semana sobre os direitos concedidos pela Comissão de Anistia aos familiares do Capitão Carlos Lamarca, onde o acusou de “desertor” e traição aos “seus companheiros de farda”. Que decepção!

Como é triste ver a revista Veja, que, durante o regime militar, era o farol da defesa dos presos políticos e a fenda da imprensa para denunciar abusos contra direitos humanos, hoje faz coro com os milicos de pijama no ataque aos mártires da liberdade e da democracia em nosso país.


 


Gostaria de informar aos editores da revista Veja que a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça não está indenizando quem foi torturado ou morto pelos militares, nem tampouco os que estavam sob a custódia do Estado e sofreram algum dano físico. A lei, que orienta a referida Comissão, visa reparar danos pecuniários a todos aqueles que foram compelidos a se afastar de suas atividades econômicas, educacionais, políticas e sindicais, por perseguição direta ou sigilosa pelo Estado de 1946 a 1988.


 


Lamarca, ao contrário dos covardes que fazem matéria e não assinam, teve a coragem de divergir da orientação política autoritária de então e ir para o front da batalha em favor da liberdade e da democracia no Brasil.


 


Independente da forma de luta que empreendeu, Carlos Lamarca perdeu a vida enfrentando o Estado fascista, que torturava, demitia, expulsava de instituições de ensino e dos sindicatos, e cassava mandatos de políticos que discordavam dele.


 


Os seus familiares merecem sim, receber a reparação econômica pelos danos profissionais e de carreira que Lamarca sofreu quando ceifaram a sua vida.


 


Viva Lamarca! Viva todos os que não se acovardaram em enfrentar o regime militar. Que viva o sonho da verdadeira liberdade e democracia.


 


* Waldir Porfírio é diretor da Associação Paraibana de Imprensa e membro da Associação dos Anistiados Políticos da Paraíba