Comunistas franceses se debruçam sobre derrotas eleitorais

Uma eleição presidencial catastrófica, eleições legislativas em meios-tons e uma interrogação: qual o futuro do PCF (Partido Comunista Francês)? A secretária nacional, Marie-George Buffet, abre nesta sexta-feira (22) o Conselho Nacional  do partido,

A reunião de dois dias dos 250 membros do Conselho começou por um informe da secretária nacional, que deve fazer o balanço dessas seis semanas de eleições, tendo em vista o Congresso Extraordinário do partido, em dezembro, convocado após o fracasso na presidencial (Marie-George, candidata, teve 1,93% dos votos).



“Tenho minha parte de responsabilidade na preparação e condução (das eleições)”, admitiu a secretária nacional. “Nossa campanha, por mais intensa que tenha sido, foi atrapalhada pela questão da desunião, mas também pela dúvida sobre a exequibilidade de nosso programa”, disse ela.



“O alívio após a boa resistência nas eleições legislativas (o PCF elegeu 15 deputados, além de simpatizantes) não deve nos levar a rechaçar os questionamentos sobre o futuro da esquerda e o do PCF”, sublinhou na quinta-feira o porta-voz do partido, Olivier Dartigolles. Por outro lado, a direção pretende deixar para o fim de 2008 a questão da sua renovação. Marie-George Buffet, que pensava em deixar o comando neste ano, agora pretende permanecer mais um ano à frente do partido.



Com o importante revés da direção, as tendências partidárias multiplicam as críticas e proposições.  Depois de permanecerem na sombra até há pouco, os amigos de Robert Hue (ex-secretário nacional) divulgaram um texto esta semana para reclarar a formação de uma “direção pluralista” no Congresso Extraordinário. Eles propõem a constituição de um “novo partido”, que manteria a referência ao comunismo mas eventualmente mudaria de nome. Sua uiniciativa não tem o aval de Hue, que se enclausura no silêncio depois de ter, entre os dois turnos presidenciais, questionado a “estratégia” de aliança antiliberal de Marie-George Buffet.



Por sua vez, André Gerin, deputado do Rhône e líder da corrente ortodoxa, reforçado pelo êxito nas parlamentares, tornou-se o defensor de um retorno à identidade comunista. Ele pretende “inscrever a candidatura” para disputar a sucessão de Marie-George. Quanto aos “refundadores”, partidários de uma abertura para outras correntes, consideram prematuro a realização de um congresso extraordinário em dezembro, que corre o risco de levar a um “recuo” do partido.



Fonte: Le Monde