CIA abre sua caixa de Pandora: buscas ilegais e atentados

Centenas de documentos desclassificados da Agência Central de Inteligência (CIA) americana serão divulgados esta semana, como evidências de 25 anos de violações contra a própria carta constitucional desse serviço de espionagem.

Os documentos revelam operações de espionagem contra cidadãos americanos, ações de vigilância domestica, planos de atentados contra governantes estrangeiros e experiências químicas com seres humanos.



Algumas páginas dos documentos foram divulgadas no site dos Arquivos de Segurança Nacional da Universidade George Washington, entre elas memorandos de conversas no gabinete oval da Casa Branca durante o governo do ex-presidente Gerald Ford.



Nos documentos, datados de 6 de janeiro de 1975, autoridades do governo de Ford comentam a ''descoberta'' das atividades da CIA. O então diretor da agência, William Colby, se refere aos ''esqueletos no armário'' que começam a aparecer na imprensa com denúncias de atividades ilegais.



Um deles mostra que o ex-promotor geral Robert Kennedy, irmão do assassinado presidente John. F. Kennedy, dirigiu pessoalmente um plano de atentado contra o presidente cubano Fidel Castro.



Colby reconhece, numa reunião de 3 de janeiro de 1975, com Ford, que a CIA ''dirigiu operações para assassinar líderes estrangeiros, mas sem sucesso''. O documento que transcreve a reunião cita como alvos ''Fidel Castro, Trujillo, o general Sneider do Chile e outros''.



O mesmo documento aborda o grave problema derivado dos depoimentos prestados nos comitês parlamentares americanos que investigavam as atividades da companhia telefônica ITT no Chile da época do golpe militar contra o governo socialista de Salvador Allende.



Em reunião no dia seguinte, Henry Kissinger afirma a Ford que as atividades eram ''só a ponta do iceberg''. Ele alerta que se fosse revelado o envolvimento direto de Robert Kennedy na tentativa de assassinato de Castro ''correria sangue''.



Outro documento secreto desclassificado e divulgado pelo arquivo da Universidade George Washington revela a entrada na casa e no escritório de uma empregada da CIA que convivia com um cubano e outros episódios de buscas ilegais.



Os documentos mostram também a conexão da CIA com os assassinos do presidente dominicano Rafael Leónidas Trujillo, morto em 30 de maio de 1961. Mas não comprovam a participação da CIA no assassinato, em 17 de janeiro de 1961, de Patrice Lumumba, líder da independência da República Democrática do Congo.



A espionagem de jornalistas como Seymour Hersh, que publicavam então denúncias sobre a infiltração nos grupos pacifistas e outras atividades ilegais da CIA dentro dos EUA fazem parte dos documentos agora revelados, assim como a interceptação ilegal da correspondência procedente da China e da União Soviética.



Há referências a testes com drogas em cidadãos americanos que não haviam sido advertidos, para comprovar a modificação de condutas. As experiências foram financiadas pela CIA entre 1963 e 1973.



A coleção de documentos secretos irônicamente apelidade de ''jóias da família'', lembrou Hayden, é formada por relatórios dos empregados da CIA que, por ordem do então diretor da agência, James Schlesinger, davam conta de episódios de operações ilegais.


 


Com agências internacionais