Copa América abre com Chávez, Evo e Maradona

Interrompendo o final do jogo Uruguai e Peru, o presidente da Venezuela Hugo Chávez entrou em cadeia nacional de rádio e TV, na terça-feira (26), para saudar os países e torcedores que competem na mais recente edição da Copa América, a competição mai

Com o fim do jogo, Chávez desceu ao gramado com Maradona e o presidente boliviano, Evo Morales, para o pontapé inicial do jogo inaugural, entre Venezuela e Bolívia. Demonstrando habilidade, Evo fez uma embaixadinha e tocou a bola para o time boliviano. Já Chávez, que como futebolista é um excelente jogador de beisebol, tocou de forma esquisita a bola para um chutão de Maradona.



No jogo principal da noite, a Venezuela não ficou longe do toque de Chávez, cedendo duas vezes o empate à Bolívia, e o jogo acabou 2 a 2, para decepção dos 40 mil presentes. Em quatro décadas de participação na Copa América, a Venezuela só ganhou um jogo, em 1967, contra a própria Bolívia.



O palco da inauguração e para a estréia da equipe anfitriã foi o remodelado estádio Pueblo Nuevo, em San Cristóbal.  A Copa América, o torneio de seleções mais antigo do mundo, será disputada até 15 de julho, pelas seleções de Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Estados Unidos, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.



A Venezuela, país do beisebol até a raiz e que já enviou 200 jogadores à Major League — federação de ligas da América do Norte — disputada nos EUA e Canadá, entra no “planeta futebol” pela porta da frente e com a ajuda das divisas obtidas com o petróleo do país. 



“Entre os torcedores o beisebol continua reinando, mas dividindo a preferência com o futebol, o basquete e também o voleibol e o ciclismo”, disse à agência de notícias IPS Cándido Pérez, editor de esportes do jornal El Nacional, de Caracas, “e o futebol também rompeu a tradicional separação geográfica e até social da febre esportiva”, acrescentou.



Nos Andes do sudeste, redutos do futebol e do ciclismo, a paixão pelo beisebol é bem presente, enquanto a costa caribenha, a zona mais povoada e tradicional seguidora do beisebol e do boxe, se entregou ao futebol como torcida e praticante em massa, antes própria de colônias de imigrantes ou alunos de alguns colégios.


 


Cerca de US$ 1 bilhão foram gastos nesta Copa América, disse a correspondentes estrangeiros o ministro dos Esportes, Eduardo Alvarez, dos quais cerca da metade foi para a construção e remodelação de nove estádios, e uma quantidade semelhante na adequação de outras infra-estruturas, gastos com organização e deslocamento logístico. A outra disputa de dimensão continental organizada pela Venezuela, os Jogos Panamericanos de 1983, consumiram US$ 420 milhões, sendo que US$ 100 milhões foram adicionados nos últimos meses ao orçamento original.


 


 Um estádio, o Monumental da cidade de Maturín, multifuncional e com capacidade para 52 mil espectadores, construído ao custo de US$ 70 milhões, foi inaugurado há apenas três dias e será usado em duas ocasiões: dia 1º de julho para os jogos do Brasil contra o Chile e do Equador diante do México, e em uma partida das quartas-de-final, uma semana depois.



A Copa América, que pela televisão deverá ser acompanhada por até 800 milhões de espectadores em todo o mundo, mobilizará dentro da Venezuela negócios estimados em cerca de US$ 700 milhões entre hotelaria, transporte, demais gastos de turistas e bilheteria.



Esta última foi a maior fonte de irritação para o público venezuelano, pois embora a capacidade dos estádios some 660 mil lugares, na prática conseguir um ingresso foi um calvário, e as redações dos meios de comunicação se converteram em muro de lamentações para os frustrados compradores.


 


No campo esportivo o favoritismo acompanha o Brasil, apesar da ausência de dois de seus maiores astros, Kaká e Ronaldinho Gaúcho, para manter em casa o título que conquistou no Peru em 2004, e os especialistas vêem na Argentina seu principal rival. Outro favorito, no papel, o Uruguai, estreou ontem com uma surpreendente derrota para a seleção peruana por 3 a 0. Também se fala da capacidade de surpreender do Paraguai ou da Colômbia e a decisão da Venezuela de, pelo menos, deixar de ser o patinho feio do futebol sul-americano.