Messias Pontes: Retomar a Vale do Rio Doce, por que não? (IV)

Zombando da inteligência do povo, o presidente da Companhia Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, na maior cara-de-pau, quer convencer a ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, a flexibilizar o monopólio estatal da exploração de urânio. Ele argumenta que india

Não há a menor possibilidade de se cometer mais um crime dessa natureza no País, até porque há várias ações tramitando na Justiça pedindo a anulação do leilão da Vale. Uma dessas ações foi impetrada pela deputada Socorro Gomes (PCdoB-PA) que enfatizou que “todo o patrimônio foi sub-avaliado…” e que, por haver urânio nas minas, em especial a de Carajás, fato não colocado, a Constituição Federal proíbe.



A parlamentar comunista observou que, de acordo com o artigo 21 da CF, somente a União pode explorar os serviços, instalações nucleares de qualquer natureza e exercer o monopólio estatal sobre pesquisa, lavra, enriquecimento e processamento, industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados. Lembra ainda que toda a atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional.



Além de todas essas relevantes questões, todas as pesquisas realizadas indicam o desejo da maioria dos brasileiros da reestatização da Vale. A última pesquisa, encomendada em maio último pelo DEMO (ex-PFL) para consumo interno, aponta que a maioria dos brasileiros é a favor da reestatização das empresas estatais estratégicas, praticamente doadas, em especial a CVRD. De acordo com o Instituto GPP – Planejamento e Pesquisa, 50,3% dos entrevistados são favoráveis à retomada da empresa, 28,2% são contra e 21,5% não souberam responder. 



Se todos os brasileiros consultados tivessem conhecimento dos crimes cometidos por tucanos e pefelistas contra a nação, certamente mais de 95% teriam se posicionado a favor da retomada de todo o patrimônio público esbulhado. Tanto isto é verdade que, nas regiões metropolitanas, onde o nível de informação é maior, o percentual dos que querem a retomada da Vale é de 54,1%. Na região Norte, onde se localiza a mina de Carajás, esse percentual é bem maior, ou seja, 62,5%.



Por se tratar de um atentado contra o patrimônio público e a soberania nacional, esse crime deveria ser inafiançável e imprescritível, e seus autores, o Coisa Ruim à frente, recolhidos à prisão de segurança máxima. Esse é o sentimento dos verdadeiros democratas e patriotas brasileiros que buscaram fontes alternativas de informação, já que a imprensa conservadora e venal, além de omitir a verdade ainda defende os crimes cometidos pelos neoliberais. Afinal essa gente tem muito$ motivo$ para i$$o.



A cada divulgação dos fabulosos lucros da Vale do Rio Doce mais cresce a convicção de que os neoliberais cometeram crimes de lesa pátria, e o sentimento é de revolta que alimenta o desejo de retomada das empresas estratégicas entregues ao grande capital, principalmente alienígena. Várias são as entidades da sociedade civil organizada que estão se mobilizando para a retomada da Vale, inclusive a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil que está defendendo a realização de um plebiscito em setembro próximo, durante a Semana da Pátria.



Além da reestatização das empresas estatais estratégicas, é imperioso que o prejuízo causado seja ressarcido e os culpados exemplarmente punidos para que a impunidade não alimente novos delitos. Se os “filhinhos de papai” que há dez anos, em Brasília, assassinaram barbaramente o índio Pataxó Galdino Jesus dos Santos, estivessem cumprindo pena numa penitenciária, certamente os cinco rapazes de classe média que assaltaram e espancaram, no Rio de Janeiro, a doméstica Sirlei Dias Carvalho Pinto, no início desta semana, não tivessem cometido o crime que revoltou toda a nação.



A luta pela reestatização, que tem como expoente o Comitê Nacional pela Anulação da Privatização da Vale do Rio Doce, deve ser uma atividade quotidiana dos verdadeiros democratas e patriotas brasileiros. A consciência nacional exige a prisão dos assassinos do índio Galdino, dos ladrões que roubaram e espancaram a doméstica e dos que assaltaram o patrimônio público Basta de impunidade!


 


 


 


Messias Pontes é jornalista