Saída de Blair: Antônio Carlos, que era amigo de Jorge Matos
Anthony Charles Lynton Blair, mais conhecido como Tony Blair, deixa nesta quarta-feira o governo do Reino Unido, depois de um reinado de dez anos. Sai marcado pelo desastre do Iraque e pela irredutível aliança com seu grande amigo, o presidente americano
Publicado 27/06/2007 15:34
Blair deixa o cargo de primeiro-ministro na tentativa de impedir que a popularidade de seu Partido Trabalhista despenque ainda mais, sendo substituído pelo atual ministro das Finanças, Gordon Brown.
Ao que tudo indica, a manobra deu uma injeção de ânimo nos trabalhistas: apesar de Brown ser tudo menos carismático, uma pesquisa feita pelo jornal The Observer revelada no último fim de semana pôs os trabalhistas, pela primeira vez, à frente dos conservadores. Ainda não é certo se Blair vai receber o cargo de enviado ao Oriente Médio, mas, se isso for confirmado, deve renunciar ao mandato de deputado.
Porém, a nomeação de Blair como enviado especial do Quarteto (EUA, Rússia, ONU e UE) para supervisionar a ocupação israelense da Palestina, sob o nome de intermediador do “conflito” ainda não é certa.
A Rússia ainda não esqueceu as acusações de Blair a Moscou quando surgiu o caso de Alexander Litvinenko, um ex-agente do KGB refugiado em Londres, suposta vítima de envenenamento pelo elemento radioativo polônio-210. Apesar de ser a única carta na mesa, Blair pode ser descartado do jogo por Pútin.
A Rússia contesta também o isolamento do Movimento de Resistência Islâmica palestino, o Hamas, algo bastante cultivado ultimamente por EUA, Israel e a União Européia.
Para disfarçar o dissabor de sua renúncia, Blair quer demonstrar que está encantado com a missão: “Todos os que se preocupam com a paz e estabilidade no mundo sabem que uma solução duradoura terá de passar pela resolução deste conflito”, sublinhou ontem, na última coletiva de imprensa que deu, ao lado de Arnold “Exterminador do Futuro” Schwarzeneger.
O apoio de Blair para a nova missão também encontra muitas dúvidas em casa, segundo um artigo do conservador Financial Times. Em off, o sucessor de Blair, Gordon Brown, mostra-se muito descontente com a nomeação.
O Foreign Office, o ministério dos Negócios Estrangeiros britânico, não teria sido consultado e Brown estava ansioso por mostrar que tem uma política completamente diferente da de Blair para o conflito, que passaria não pela aderência sem pudor a Israel e aos EUA, mas pelo auxílio económico à Palestina, como condição fundamental para uma solução duradoura.
De acordo com o jornal, dois funcionários importantes do Ministério das Finanças trabalharam durante dois anos, sob orientação de Brown, em um plano de recuperação detalhado da economia palestinana. A nomeação de Blair vai defenestrar esse trabalho.
Brown tem também duvida que Blair tenha capacidade para mediar alguma discussão de paz, devido à desconfiança que todos os representantes do mundo árabe nutrem por ele, visto como um aliado incondicional dos EUA e de Israel.