Quintanilha diz que espera encerrar processo até recesso

O novo presidente do Conselho de Ética do Senado, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), disse nesta noite que espera terminar o processo contra o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), antes do recesso parlamentar, que começa a partir do dia 15 de julh

Quintanilha –que já foi filiado ao PCdoB, partido pelo qual disputou o governo de Tocantins na eleição de 2006–, foi eleito nesta quarta (27) para a presidência do conselho depois da renúncia de Sibá Machado (PT-AC) ao cargo na terça. Quintanilha venceu o líder do PSDB, Arthur Virgilio (AM), por nove votos a seis. Ao todo, são 16 votos. Sem a presença do senador Jefferson Péres (PDT-AM), que não compareceu e não tem suplente, foram 15 votantes.


 


O dia foi de longa negociação no Senado. Pela manhã, o PSDB anunciou a candidatura de Virgílio e propôs um acordo aos aliados de Renan: o líder tucano ficaria com a presidência e a relatoria do processo seria entregue ao senador Aloizio Mercadante (PT-SP).


 


Mercadante recusou e sugeriu ficar com a presidência, passando a relatoria ao PSDB. Como maior bancada, o PMDB, no entanto, não abriu mão da presidência e criou um impasse. O partido lançou o senador Quintanilha e, sem acordo, os dois candidatos disputaram o cargo.


 



O novo presiente do Conselho de Ética nega que ajudará Renan por ser do mesmo partido do presidente do Senado, acusado de receber ajuda de um lobista para pagar despesas pessoais. “Tenho o maior respeito pelo senador Renan, mas como presidente do conselho, tenho que conduzir com responsabilidade”, disse.


 


Quintanilha convidou o senador Renato Casagrande (PSB-ES) para ser o relator do processo contra Renan. Casagrande pediu um tempo para dar a resposta. Ele marcou uma reunião para esta quinta (28) com Quintanilha para discutir o assunto e, depois, tomar uma decisão.


 


Casagrande disse que a conversa com Quintanilha será definitiva para a sua decisão, mas deu entrevista como se fosse o relator. “Sei da pressa dos senadores para resolver isso e acho que o Senado e o conselho vivem um momento de muita fragilidade, mas vamos conversar logo pela manhã antes de uma resposta”, disse Casagrande depois do convite formulado por Quintanilha. Ele observou que uma relatoria como essa, não se faz sozinho e que a responsabilidade não pode ser única. O senador também assinalou que quem faz parte do Conselho de Ética precisa estar preparado para assumir qualquer tarefa que lhe for confiada.


 



Quintanilha disse que aguardará a conversa com Casagrande e espera que ele aceite o convite para a relatoria, pois não tem um “plano B”. O presidente afirmou que não pretende fazer nada açodadamente e que o caso exige prudência, mas pretende chegar a uma conclusão com a maior rapidez possível. Ele disse que o Conselho de Ética terá o tempo necessário para trabalhar adequadamente e que espera apresentar um cronograma de ações aos demais integrantes na próxima terça-feira.


 


“Missão duríssima”


 



Tanto o nome do presidente como o do possível relator foram saudados por vários senadores como dignos de confiança, inclusive por Virgílio e José Agripino (RN), líder do DEM, partido que se aliou ao PSDB com vistas à eleição.


 



“Estou consciente das responsabilidades que estou assumindo”, disse o novo presidente do conselho, ao assumir o cargo, por volta das 22h30. Durante a apresentação de sua candidatura, Quintanilha comprometeu-se “a cumprir seu dever com serenidade e humildade e buscar a verdade nua e crua” na investigação das denúncias contra Renan. O senador também se comprometeu a respeitar a Constituição e o Regimento do Senado, e pediu a colaboração de todos “para resgatar a credibilidade do Senado e do conselho”.


 



Nos seus cumprimentos ao novo presidente, Virgílio, que anunciou sua volta à suplência, disse que a responsabilidade de Quintanilha é muito grande, especialmente em se tratando de um membro do PMDB, mesmo partido de Renan. Ele assegurou que o compromisso do PSDB é “com a verdade” e que o partido nunca quis prejulgar Renan. Já Agripino abriu “crédito de confiança” ao novo presidente, mas previu que ele (e possivelmente Casagrande) terá uma “missão duríssima pela frente, sendo a primeira a definição de uma pauta de trabalhos.


 


Da redação,
com agências