Continuidade da greve gera polêmica entre professores da Bahia

Uma assembléia geral realizada na última quarta-feira, 27 de junho, decidiu manter a greve dos professores da rede estadual de ensino da Bahia, iniciada em 8 de maio. Quase 4 mil pessoas compareceram, à asembléia e a maioria entendeu que não houve avanço

Diga não à greve pela greve


 


A Corrente Sindical Classista, CSC, sempre entendeu a greve como instrumento legítimo da luta dos trabalhadores. A greve é o último e o mais forte recurso para que as categorias tenham os seus direitos respeitados ou ampliados.


 


Os classistas, presentes na diretoria da combativa APLB-Sindicato, sempre buscaram o diálogo com o Poder Executivo, sempre encamparam a luta e, ao longo dos anos, construíram inúmeras greves, muitas delas garantindo conquistas históricas.


 


As manifestações e as greves, sempre acompanhadas do diálogo, representam, portanto, momento singular da consciência de classe, da formação política e do acúmulo de forças para vitórias cada vez mais expressivas.


 


Foi com a luta, sobretudo a dos professores, que derrubamos as oligarquias baianas nas últimas eleições. Denunciamos o descaso, o arrocho salarial, a falta de diálogo e a inversão de prioridades imposta pelo governo passado.


 


A vitória de Wagner e das forças mais à esquerda abriu um novo leque de possibilidades. Uma mesa de negociação, composta pelo governo e pelos sindicatos dos trabalhadores públicos do estado, foi instalada. Isso demonstrou, de cara, que a relação passaria a ser diferente.


 


Em dado momento, por não concordar com o índice de reajuste oferecido aos professores de níveis 3 e 4, a APLB-Sindicato retirou-se da mesa de forma justa e coerente. Deflagrou-se, a partir daí, a greve dos trabalhadores em educação.


 


E o que queria o movimento grevista? Estabelecer imediatamente a mesa setorial, o cronograma de negociações e ter o indicativo de que o governo corrigiria a distorção proporcionada com a não linearidade do reajuste ofertado.


 


A greve ganhou força, ocupou a mídia e passou a contar com o apoio da opinião pública. O governo, mesmo garantindo que não abriria diálogo sem que antes ocorresse a suspensão do movimento, por pressão da categoria e a partir da iniciativa do Ministério Público, teve que ceder e instalar a mesa setorial, mesmo com os trabalhadores parados. Além disso, teve que definir o cronograma de reuniões e se comprometer a apresentar os números já no dia 11 de julho para que, ainda mobilizados – mesmo que fora da greve -, os professores pudessem se posicionar.


 


Com a boa nova e com a real perspectiva de avançar na luta, o que vimos na última assembléia? Um grupo barulhento, sem responsabilidade e sem proposta séria, emplacar a todo custo, e utilizando métodos estranhos, as suas nefastas idéias como sendo as únicas possíveis. Qualquer outra opinião, sobretudo vinda da diretoria da APLB-Sindicato e do Comando de Greve, deveria ser taxada como atrasada, recuada, covarde, pelega ou direitista.


 


Ficou evidenciado que o grupo “greve até a morte”, em outros momentos intitulado “O Boca” (lembram dele?) tem dois objetivos específicos: manchar o nome dos classistas que ocupam parte da diretoria da APLB-Sindicato e promover nomes que possam substituí-los; destruir o governo Wagner e apostar no retorno da direita ao comando do Executivo estadual baiano.


 


Os classistas sabem que a maior parte dos 43 mil professores da Bahia preferem apostar no diálogo à mesa a manter a greve e emperrar qualquer possibilidade de avanço da carreira e da valorização profissional.


 


A CSC conclama os professores a refletirem sobre a trajetória da luta, sobre o já conquistado e sobre qual a melhor posição a ser adotada no exato momento. A responsabilidade com a nossa categoria, com a sociedade baiana e com os nossos alunos nos chama. Avançaremos e conquistaremos grandes vitórias, quer o campo de batalha se apresente enquanto greve, quer ele se apresente como mesa setorial de negociação. E, hoje, quem proporciona a melhor geografia para o combate que visa reestruturar a nossa tabela é, sem dúvida alguma, a mesa.


À luta, ao diálogo, à vitória ! 


 


Jorge Carneiro, diretor de Imprensa so Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB Sindicato)