Venezuela pode retirar pedido de entrada no Mercosul, diz Chávez

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse no sábado que pode retirar a solicitação de adesão plena da Venezuela ao Mercosul caso sejam mantidas as pressões de alguns setores 'de direita' do Brasil e do Paraguai. Chávez não compareceu à cúpula semest

'Realmente, em um Mercosul que está marcado pelo capitalismo, pela concorrência feroz, não estamos interessados em ingressar', disse o presidente Chávez ao canal estatal de televisão VTV após chegar à Teerã, onde realiza uma visita oficial.



'Poderíamos agradar à direita brasileira… e à direita paraguaia. Se elas não querem que nós ingressemos no Mercosul, … não teremos nenhum problema, eu mesmo sou capaz de retirar o pedido, não estamos desesperados para ingressar', acrescentou Chávez.



A Venezuela se uniu ao bloco sul-americano em julho de 2006, porém seu ingresso ainda passa por um processo de adesão.



O Mercosul é composto por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela.



Pressões empresariais



Na última quinta-feira (28), o vice-ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Rodolfo Sanz, já havia dito que seu país não vai se submeter às condições do Senado brasileiro para que seja aceito no Mercosul. Para ingressar no bloco como membro permanente, a Venezuela depende de autorização dos Congressos dos países membros. Uruguai e Argentina já aprovaram a adesão, porém faltam os parlamentos brasileiro e paraguaio.


 


Para Sanz, parte do Congresso brasileiro é de direita e “inimiga da integração”. Após encontro de chanceleres e ministros de Economia, preliminar à Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, ele afirmou: “A vontade de integração não está sujeita, não está condicionada a ter uma atitude que nos obrigue responder aquilo que consideramos agressões ao governo venezuelano. Não aceitamos nenhum tipo de condicionamento de nenhum país e de nenhuma potência”.


 


E completou: “O presidente Chávez caracteriza-se por responder sempre às declarações que considera agressivas à soberania do país e que considera, de alguma maneira, espécie de intromissão nos assuntos internos do país”.


 


Já o chanceler brasileiro Celso Amorim disse acreditar que o presidente venezuelano deveria dar “uma palavra simpática” aos parlamentares. “Eu já mencionei que uma palavra simpática em relação ao Congresso brasileiro que, afinal de contas, foi eleito legitimamente como Chávez foi eleito legitimamente, ajudaria [na aprovação do protocolo]. A boa vontade é sempre positiva de lado a lado”, afirmou.


 


Sanz criticou também setores empresariais brasileiros, como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que seriam contrários à adesão da Venezuela ao Mercosul. “É encobrir interesses de setores econômicos que não apostam em uma integração verdadeira”, afirmou, acrescentando que o empresariado diz que o ingresso da Venezuela pode prejudicar a relação do Mercosul com outros blocos econômicos.


 


Sobre os acordos comerciais com Brasil e Argentina, uma das exigências para ingressar no Mercosul, o vice-chanceler venezuelano respondeu que “nenhum país abre suas fronteiras para liquidar sua indústria nacional”.


 


A Venezuela deveria ter fechado no início do ano a programação comercial com Brasil e Argentina, sócios com as maiores economias do bloco, mas o prazo foi prorrogado até setembro. “Isso não é processo de integração”, acrescentou Sanz. Os venezuelanos já acertaram as questões comerciais com Uruguai e Paraguai.



Da redação,
com agências