Para alunos de Alckmin, “o culpado é o povo”

O jornal Valor Econômico foi talvez o único a cobrir o curso em três noites que o ex-presidenciável tucano em 2006, Geraldo Alckmin, ministrou na semana passada para 70 pessoas, nos Jardins, a área nobre de São Paulo, com matrícula a R$ 300. “A s

Ele cita o advogado Germano Parenti, 73, “ferrenho alckmista” e aluno de Alckmin. “Não culpo o Lula pela vitória, culpo os eleitores do Lula. Dar preferência a ele foi um descalabro”, afirma, para, em seguida, atacar. “Lula não está a nível do cargo. Até o Vicentinho (Paulo da Silva) e o (Luiz Antônio) Medeiros fizeram curso. O Lula não fez nem de corte e costura e decoração de bolo.” 



Lula, “o monstro”



O artigo, Inconformismo domina platéia alckmista em escola de elite, toma como ponto de partida uma pergunta da  dona-de-casa Maria Aparecida Ribeiro, 69 anos, que chama de “monstro” ao presidente eleito. “Se todo o diagnóstico está aí, qual o monstro que impede o país de sair do buraco? Por que os políticos sempre têm o diagnóstico para tudo e não conseguem solucionar nada?”, indagou a indignada senhora a Alckmin, sem obter resposta “além de um constrangido rubor na face do questionado” e “risos na platéia”.



“Todos sentimos o odor desse monstro. É a veia da máquina pública aliada aos políticos. O diagnóstico todo mundo sabe, mas será que interessa a eles combater?”, diz ainda a aluna. “A rejeição ao presidente é o traço forte e comum que une os colegas dessa senhora, tanto quanto o rechaço ao eleitorado do presidente”, conta o jornalista.



“O presidente não fala nossa língua”



“Se o povo tem sensibilidade, por que não houve coragem de dizer certas verdades nas eleições? O povo não tem coragem para entender uma mensagem verdadeira?”, questiona outro inscrito no curso. Alckmin acabara de dizer que acredita “no julgamento popular e num povo que erra menos do que as elites”. Os seus alunos do curso parecem não partilhar dessa crença.



“Sou inconformada por ele (Alckmin) ter perdido a eleição e o país ser governado pelo Lula. Entendo pouco de política, mas sinto que não tenho voz, não tenho corpo no país. Temos um presidente que não fala nossa língua. Há uma minoria ética no país que não sabe como fazer para realizar as mudanças. Como fazer mudanças estruturais, se o povo não entende o que são essas mudanças estruturais?”, afirma a médica Roberta Grabert, 42 anos. Sente-se no relato toda a indignação da seleta platéia. 



Para a prefeitura, Serra é obstáculo



O curso de três noites (terça, quarta e quinta-feira) foi na Casa do Saber, instituição privada com sede no Jardim Paulistano, uma das áreas mais ricas da capital paulista. O tema  foi Eleição e gestão pública: na primeira noite, política, na segunda, economia e na terceira a cena internacional; nos intervelos, serviu-se vinho chileno. A Casa do Saber tem em seu Conselho Diretor o ex-secretário de Educação de Alckmin no governo paulista, Gabriel Chalita, também autor de prodigiosos 39 livros em 38 anos de vida, com ênfase na auto-ajuda.



Desde que voltou de uma estadia de seis meses nos Estados Unidos, Alckmin movimenta-se fotra dos holofotes, em atividades como o curso da semana passada, sobretudo em São Paulo. Esquiva-se das indagações sobre a possibilidade de se candidatar à prefeitura de São Paulo no ano que vem – pretensão que esbarra no empenho do governador José Serra, em fazer do atual prefeito, Gilberto Kassab, do DEM, o candidato dos tucanos. Diz que se prepara apenas para contribuir para que o PSDB possa ter bons candidatos nos cerca de 5.600 municípios do país.



Com informações do Valor Econômico