Senadores do ex-PFL advogam a privatização do setor aéreo

Na apresentação do seu segundo relatório parcial da CPI sobre o setor aéreo no Senado, o senador Demóstenes Torres (DEM-PFL/GO) advogou, na última quarta-feira (4), a privatização dos aeroportos de Congonhas, Guarulhos, Brasília, Galeão, Salvador, Reci

Como se não bastasse, o sagaz senador se alçou a dar palpites nas áreas que cabem à Aeronáutica administrar, arrolando uma montanha de itens supostamente para resolver problemas no espaço aéreo brasileiro e a bagunça nos aeroportos.


 


Segundo o senador, por apresentarem viabilidade comercial, já que contam com movimentação anual superior a três milhões de passageiros, os 11 terminais deveriam ser entregues a grandes grupos econômicos privados “embora não haja uma lei específica sobre concessões aeroportuárias” no país.


 


O relator propõe “uma auditoria internacional no sistema de controle de tráfego aéreo brasileiro”. Demóstenes defendeu ainda a cobrança diferenciada de tarifas aeroportuárias, supostamente para diminuir o congestionamento nos principais aeroportos. Ele justificou a medida alegando que uma elevação das taxas pagas pelas companhias aéreas – que fatalmente seriam repassadas aos passageiros – pelo uso de aeroportos mais movimentados, direcionaria a demanda para os ociosos, diminuindo o grau de saturação dos primeiros.


 


E seguiu deitando regras como se fosse mais autoridade no assunto do que a FAB, falando de “elevação da qualidade dos equipamentos de controle de vôo responsáveis pela aproximação, pouso e decolagem dos principais aeroportos; revisão, modernização e reforço da manutenção dos equipamentos de rádio, radar e de software usados para o controle de vôo; adequação transitória das condições de trabalho dos controladores de tráfego aéreo militares; e aumento do efetivo de controladores de tráfego aéreo civis do grupo DACTA”. Propôs também a desmilitarização do controle do espaço aéreo “quando da implantação do sistema CNS/ATM”.


 


O líder dos dem-pefelistas no Senado, José Agripino (RN), também pregou que a saída para os problemas no setor aéreo seria a privatização da Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), ou a concessão dos aeroportos controlados pela estatal a grupos privados. “O processo de privatização (na gestão de Fernando Henrique) foi altamente benéfico para o Brasil”, disse em discurso da tribuna, na segunda-feira passada, propalando os altos lucros amealhados pelos controladores privados da Companhia Vale do Rio Doce e as “vantagens” trazidas aos consumidores da telefonia. Como “vantagens” ele deve estar se referindo às altas tarifas que os usuários têm que pagar para as empresas de telefonia.


 


O ex-presidente do ex-PFL, ex-senador Jorge Bornhausen, foi outro que defendeu semanas atrás a entrega dos aeroportos a particulares como modelo de gestão do sistema de transporte aéreo para o Brasil. Bornhausen é apontado por sua relação com o dono de uma empresa (a Brasif, da qual ele foi vice-presidente de 91 a 92) que explora free shops em quase todos os aeroportos do país que operam vôos internacionais. Na CPI sobre o setor aéreo da Câmara dos Deputados, o deputado Miro Teixeira (PDT/RJ) defendeu que fosse investigada a obscura venda da Brasif para uma empresa suíça.


 


Fonte: Hora do Povo