Bush envia equipe ao Brasil para tentar retomar Doha

Embora a negociadora oficial do governo norte-americano não venha, o presidente George W. Bush manda nesta semana ao Brasil quatro nomes fortes de seu governo com a missão lateral de reforçar a necessidade de o Brasil retomar as negociações da Rodada Doha

Nas próximas horas, desembarcam no país o secretário do Tesouro, Henry Paulson, a vice-secretária do Comércio, Sandy Baruah, o nº 3 do Departamento de Estado, Nicholas Burns, e o nº 1 da chancelaria para questões da América Latina, Thomas Shannon. Eles se reunirão com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o chanceler Celso Amorim e a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).



Além disso, Lula e a chanceler alemã, Angela Merkel, acertaram nesta segunda-feira (9) a primeira reunião entre negociadores brasileiros e europeus sobre a Rodada Doha desde o fracasso do encontro de Potsdam, há quase três semanas.



Amorim deve viajar no final da próxima semana para a Europa, para um encontro com os negociadores da UE e representantes dos países. O encontro tentará avançar sobre os escombros da reunião de junho na Alemanha, quando não houve acordo e a Rodada Doha foi dada como enterrada. No dia 21, Brasil e Índia se retiraram das negociações da rodada no âmbito do G4 (grupo que inclui também EUA e UE). Desde então, Susan Schwab, a secretária norte-americana do Comércio Exterior, vem criticando os dois países e dizendo que os EUA procurarão alternativas para que o acordo aconteça.



De uma maneira ou de outra, os membros do gabinete americano deram um jeito de tocar no assunto das negociações nos últimos dias. “Doha continua a ser muito importante”, respondeu o secretário do Comércio, Carlos Gutiérrez, ontem, indagado pela Folha sobre a rodada, durante evento com ONGs latino-americanas promovido pela Casa Branca na Virgínia.



“Nós sabemos que [as negociações] atingiram um ponto de marcha lenta agora, mas continuamos comprometidos, eu, o presidente, a embaixadora [Susan] Schwab, a fazer um tratado multilateral”, continuou o secretário. “Podemos tirar muita gente da pobreza com um bom acordo de Doha.”



Na sexta, ao detalhar a viagem do secretário do Tesouro ao Brasil, um funcionário do departamento já havia dito que Paulson tocará no assunto quando se encontrar com Lula, amanhã, em Brasília, apesar de ressaltar que ele não era o negociador oficial.



Acordo político



Em telefonema, Lula propôs mais uma vez a Merkel um encontro dos chefes de Estado para tentar retomar Doha. O brasileiro crê que as negociações técnicas estejam esgotadas e que agora só um acordo político trará avanços.



Mas a alemã, apesar de dizer que “não se opõe” a uma reunião do tipo, insistiu na idéia da reunião ministerial, o que Lula aceitou.



Fonte: Folha de S.Paulo