Argentina: venda de gás natural para carros é interrompida
O rigoroso inverno argentino levou o governo do país a suspender completamente o abastecimento de gás aos veículos (GNC) nesta terça-feira. Ainda encantados com a neve que caiu na última segunda-feira (9) à noite em Buenos Aires (pela primeira vez em 90 a
Publicado 11/07/2007 11:26
Os mais afetados pela suspensão da venda de GNC foram os táxis da cidade. Segundo a Associação dos Taxistas da Capital (ATC), todos os quase 30 mil táxis licenciados em Buenos Aires rodam com GNC. A maioria deles (80%) estão adaptados também para funcionar a gasolina.
Para compensar a falta de gás, as duas maiores petroleiras do país, a Repsol YPF e a Petrobras, anunciaram que venderiam gasolina ao preço do GNC para os táxis comuns, especiais e vans de lotação. O gás custa cerca de oitenta centavos de pesos por m³ (R$ 0,56) e a gasolina custa ao redor de 1,50 peso por litro (pouco mais de R$ 1). “Como paliativo, a medida é boa. Mas estamos preocupados com aqueles que não podem abastecer com gasolina e estão sem poder trabalhar”, disse ao Valor o presidente da ATC, Luis Fernández.
À custa de subsídios, o preço do combustível veicular na Argentina é um dos mais baixos da América do Sul e está congelado há quatro anos.
Nesta terça-feira, longas filas se formavam nas áreas dos postos de combustíveis por toda a cidade e em muitos deles não se encontrava a gasolina a preço de gás. A Repsol YPF divulgou um comunicado informando que a venda de gasolina a preço de gás para os táxis começaria ontem e se estenderia por 72 horas em 150 de seus postos na capital, em toda Grande Buenos Aires e também nas províncias de Córdoba, Rosario e Mendoza. Pouco depois a Petrobras soltou um comunicado dizendo que começaria a vender gasolina a preço de gás para os táxis a partir de hoje, por 48 ou 72 horas, “segundo a evolução das condições climáticas”.
Déficit
Há meses a Argentina vem administrando o déficit de energia (eletricidade, gás e combustíveis) gerado pelo aquecimento da atividade econômica nos últimos anos, mas está chegando no limite. Semana passada, o governo pediu ao Brasil e ao Paraguai que lhe vendesse mais eletricidade e fechou um acordo com a Bolívia para aumentar o fluxo de gás ao país.
No entanto, com o crescimento da demanda provocada pelo frio – tanto na Argentina quanto na Bolívia – além de importar mais, o governo também está obrigando as indústrias a reduzir o consumo. A prioridade do presidente Néstor Kirchner é que não falte gás para aquecer a água e alimentar as estufas das casas.
Fonte: Valor Econômico