Empresas estatais são as que mais investem no esporte brasileiro

As estatais devem fazer a festa no desfile de marcas dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. Como principais patrocinadoras do esporte brasileiro, as empresas ligadas ao governo prometem deixar o papel de coadjuvante para as empresas privadas e par

O Banco do Brasil é o favorito a conquistar mais medalhas de ouro. Já os Correios e a Caixa Econômica Federal devem levar uma quantidade maior de medalhas, por patrocinarem esportes com grande número de provas.


 



“O esporte de alto rendimento no Brasil é carregado pelas estatais. Se você for verificar o sucesso de modalidades esportivas brasileiras, normalmente está atrelado ao apoio bastante significativo de empresas estatais, como o vôlei, o atletismo, os esportes aquáticos”, disse à Reuters o consultor em marketing esportivo Ricardo Buarque.


 



Segundo o especialista, os valores investidos pelas estatais no esporte são bem superiores porque as empresas privadas, “quando têm esse capital, normalmente tendem a aplicar na mídia tradicional”.


 



No Pan do Rio, empresas estatais e privadas dividirão espaço ainda com aquelas que terão aparição-relâmpago.


 



“Existem algumas empresas que, quando se aproximam os Jogos Olímpicos ou os Jogos Pan-Americanos começam a fazer investimentos em atletas com contrato de curta duração. Quando o bochicho acaba, elas imediatamente somem. É o que chamamos de patrocínio de oportunidade. Isso acontece muito”, afirmou Buarque.


 



As estatais, ao contrário, buscam um contrato longo, com o objetivo de associar sua marca a uma modalidade.


 



“A associação ao esporte valoriza e rejuvenesce a marca. O esporte ajuda na identificação com o público jovem, que são nossos futuros consumidores”, explicou Cláudio Queiroz, coordenador técnico do departamento de comunicação e marketing dos Correios.


 



Os Correios começaram a patrocinar os esportes aquáticos (natação, saltos ornamentais, maratona aquática, nado sincronizado e pólo aquático) em 1991, quando também iniciou o apoio do Banco do Brasil ao vôlei masculino e feminino.


 



Atualmente, o banco patrocina ainda o iatista octacampeão mundial da classe Laser Robert Scheidt, o futsal e a dupla de vôlei de praia campeã olímpica Ricardo e Emanuel, tendo, assim, cinco fortes candidatos à medalha de ouro no Pan.


 



O investimento do Banco do Brasil no esporte para este ano é de 50 milhões de reais, enquanto o contrato atual dos Correios com a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (Cbda) é de 9,75 milhões de reais, e a empresa patrocina também, desde 2004, o futsal, por 5 milhões de reais.


 


Atletismo


 



Outras empresas optaram pelo atletismo, como a Caixa Econômica Federal, a Bolsa de Mercadorias & Futuros, o Pão de Açúcar e a Brasil Telecom.


 



A Caixa é a patrocinadora oficial da Confederação Brasileira de Atletismo e este ano o valor do investimento é de 10,5 milhões de reais.


 



A BM&F mantém um clube de atletismo com 95 atletas da modalidade, sendo que 44 estarão nos Jogos do Rio. “O atletismo foi escolhido em 1988 porque é um esporte praticado pelos mais carentes da população”, explicou Sergio Coutinho, diretor-técnico do Clube de Atletismo BM&F.


 


Para manter o clube, a BM&F conta com parceiros, entre eles o Pão de Açúcar, que investe no esporte há 15 anos e tinha previsto para este ano 10 milhões de reais em “ações para democratização do esporte”, um dos investimentos mais altos entre as empresas privadas.


 


Buarque aponta que a tendência das empresas é investir em atletas renomados. “Geralmente a primeira aposta das empresas é em quem dá resultado, para obter um retorno de mídia mais rápido. Com o passar do tempo, elas até abrem mais, pensam em ajudar a criar um novo ídolo”, disse o consultor.


 



Patrocínios diferentes


 


Um patrocínio diferente dos moldes tradicionais é o da Bombril, que está investindo 12 milhões de reais num prazo de 30 meses, até agosto de 2007, em projeto que envolve só mulheres, cerca de 50, de 20 modalidades.


 


“O projeto tem como meta final dobrar nos Jogos de 2007 o número de 40 medalhas conquistadas por nossas atletas nos Jogos de Santo Domingo em 2003”, informou a empresa.


 


A Bombril patrocina ainda a seleção feminina de ginástica artística. Daiane dos Santos e companhia contam também com o apoio da Caixa Econômica Federal, que investe 1,8 milhão de reais no apoio às equipes feminina e masculina do esporte.


 


Outras empresas visam apenas um atleta ou seleção. É o caso da Eletrobrás, que patrocina o basquete; da Infraero com o judô; da Golden Gross com o ginasta Diego Hypólito, e da Petrobras, que investe no handebol.


 


“Nos esportes olímpicos, o ideal é focar em apenas uma modalidade, num trabalho de longo prazo que resulte na transformação do handebol numa força olímpica”, disse o gerente de patrocínios esportivos da Petrobras, Claudio Thompson.


 


Independentemente do tipo de patrocínio, todas as empresas torcem pelo sucesso de seus escolhidos.


 


“O Pan tem uma representatividade esportiva muito grande…. A idéia é que o retorno seja a vitória de algum deles”, admitiu Tarcisio Gargioni, vice-presidente de marketing e serviços da Gol, que apóia os judocas Leandro Guilheiro e Mayra Aguiar, a triatleta Mariana Ohata e o iatista Bimba.


 


Para Buarque, é improvável que um resultado ruim afete no patrocínio. “Só se você é um atleta ou uma entidade que não se preocupa em cultivar o relacionamento com a empresa, aí qualquer insucesso vai fazer com que esse investimento diminua e até suma.”


Fonte; Reuters