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Atletismo brasileiro vive de superação

O atletismo é o esporte que tem o maior número de participantes brasileiros nos Jogos Pan-Americanos: são 85 competidores. É também uma modalidade que reúne muitos desportistas que enfrentaram e enfrentam dificuldades econômicas para seguir na carreira e

Luciana Alves dos Santos, que disputa as provas de corrida de 100 metros e revezamento 4 por 100 metros, teve literalmente que suar para conseguir se manter no esporte. Nascida na Bahia, foi levada para São Paulo por uma amiga da família para ser empregada doméstica. Conheceu o atletismo na cidade de São Bernardo do Campo, na escola, e desde então não parou mais. Hoje está há  22 anos no esporte.



Ela afirma que, ao contrário do que se costuma pensar, o atletismo não é um esporte de baixo custo. “Todo mundo acha que é um esporte que não tem custos, mas tem. A gente gasta muito. Precisa ter um bom material para treinar e bom material custa caro. Precisa de suplementos, porque arroz e feijão ajudam muito, mas não dá”. Segundo ela, sem os R$ 2,5 mil que recebe do Bolsa Atleta, programa do governo federal, ficaria difícil se dedicar ao esporte.



Outro caso de superação do atletismo é o do maratonista Vanderlei Cordeiro, que ficou conhecido ao ser agarrado por um ex-padre irlandês na Olimpíada de Atenas em 2004 quando liderava a prova. Vanderlei ganhou resistência para as competições na lavoura, onde trabalhou como bóia-fria até os 18 anos. Quem também enfrentou adversidades para levar o ideal adiante foi Rogério Bispo. Para praticar salto em distância teve que conciliar o trabalho com o esporte para ajudar a família. Rogério foi engraxate, ajudante de pedreiro e vendedor de pastel.



Há ainda atletas que saíram de projetos sociais como a Vila Olímpica da Mangueira, no Rio de Janeiro. É o caso de Fabiana Moraes, que começou no atletismo aos 12 anos na Vila, após destacar-se nos jogos estudantis. O mesmo caminho seguiu Gisele Marculino aos 11 anos. As duas praticam os 100 metros com barreira.



Rafael Ribeiro trocou o futebol pelo atletismo ainda na escola, aos 11 anos e hoje pode viver apenas do esporte. Ele avalia que, para quem já está com a carreira consolidada, isso pode ser possível, mas para os novos atletas a situação não é das melhores. “Para quem já alcançou uma meta está legal, mas para quem está começando está ruim”. Rafael tem patrocínio de três empresas e da prefeitura de São Bernardo do Campo.



Embora haja histórias semelhantes no atletismo, a representação dos estados no esporte é variada. Juntos, os 46 homens e as 39 mulheres que competem no Pan formam uma mescla de culturas e sotaques. Eles vêm de estados como Paraíba, Pernambuco, Paraná, Santa Catarina, Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, São Paulo, Rio de Janeiro, entre outros.



As provas de atletismo no Pan começaram no domingo (22) e a expectativa é de que se supere o resultado alcançado nos jogos de Santo Domingo, em 2003, quando os atletas trouxeram para casa um total de 15 medalhas. A Confederação Brasileira de Atletismo é patrocinada pela Caixa Econômica Federal desde 2001 e neste ano deve receber R$ 10,5 milhões, de acordo com informações da assessoria de imprensa do banco.