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Metalúrgicos de Betim: recorde do setor não está no salário

Sob o lema “quem faz o crescimento quer ser valorizado”, os metalúrgicos de Betim, Igarapé e São Joaquim de Bicas entregarão nesta quarta-feira, 25, à Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), sua pauta de reivindicações deste ano. Com d

A pauta de reivindicações, aprovada em assembléia da categoria realizada no último domingo, inclui aumento de 10% e abono de um salário nominal, além de reajuste do piso salarial, que não poderá ser inferior a R$ 500,00 nas fábricas que empregam até 50 trabalhadores; R$ 700,00 nas que contam com 51 a 300 empregados; R$ 900,00 nas que empregam mais de 300 trabalhadores; R$ 1.000,00 nas fornecedoras de autopeças; e R$ 1.300,00 na montadora.


 


As reivindicações estão ancoradas nos resultados obtidos pelo setor automotivo no primeiro semestre e na perspectiva de que o crescimento se mantenha em curva ascendente até o fim do ano, hipótese admitida pela própria indústria.


 


Recordes


 


De janeiro a junho deste ano, as montadoras bateram recordes de produção, vendas e exportações (em valores, não em unidades). A produção cresceu 6,3% comparada ao primeiro semestre do ano passado – em junho, o aumento foi ainda maior: 9,6% na comparação com o mesmo mês de 2006. Já as vendas cresceram 25,7% no semestre e 34% em junho, também em relação aos mesmos períodos do ano passado. E mesmo com a desvalorização da moeda norte-americana, o volume exportado no primeiro semestre atingiu US$ 12,1 bilhões, mesmo volume alcançado de janeiro a junho de 2006.


 


Dentre as montadoras, a que mais tem a comemorar é a Fiat, que ocupa a dianteira do mercado, com 24,5% de participação. Na lista dos três automóveis mais vendidos, a montadora italiana emplacou dois: Palio e Uno. Já entre os comerciais leves, o mais vendido é o Strada.


 


O otimismo das empresas é tamanho que, em recente declaração à imprensa, o presidente da Anfavea (associação das montadoras) disse que a produção deve crescer 10% em 2007 – até o mês passado, a alta esperada era de 6,5%. “A indústria crescerá duas vezes o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil”, afirmou Jackson Schneider.


 


O bom desempenho fez com que a Fenabrave (federação das distribuidoras de veículos) também revisse para cima sua previsão de vendas para 2007. Em março, a entidade estimava vender 12% mais este ano; em julho, o crescimento esperado saltou para 17%. Uma coisa, porém, já é certa: 2007 já tem lugar garantido na história da indústria automobilística no país.


 


“Explosão” de horas extras


           


Segundo o presidente do Sindicato, o aumento da produção do setor automotivo tem se sustentado graças, sobretudo, a horas extras em excesso, que, além de imporem um “sacrifício exagerado” a milhares de trabalhadores, têm impedido a expansão do emprego na região. Em reunião realizada há poucos dias com 13 das principais fornecedoras de peças da Fiat, elas afirmaram ter admitido 980 trabalhadores de janeiro a junho deste ano. No mesmo período, entretanto, 400 trabalhadores com mais de um ano de casa passaram pelo setor de homologação do Sindicato, o que reduz o saldo de novos postos de trabalho para 580.


 


“Se levarmos em conta o cálculo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), que relaciona cada novo emprego na montadora a outros quatro nas fornecedoras diretas, verificamos que o número de contratados nestas empresas não acompanhou a expansão registrada na Fiat, o que explica a ‘explosão’ das horas extras”, diz Rocha. No primeiro semestre, para reativar o terceiro turno e atender à demanda do mercado, a montadora italiana admitiu 2.700 metalúrgicos.


 


Por isso, outra reivindicação dos metalúrgicos de Betim é a redução imediata da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução de salários, e a garantia de que as empresas não utilizarão banco de horas como forma de compensação.


 


Garantia de emprego


 


Outra conseqüência do aumento da produção apontada pelo presidente do Sindicato é a possibilidade de que mais trabalhadores venham a se acidentar nas fábricas ou adquirir doenças relacionadas ao trabalho. “É evidente que um trabalhador que é obrigado a produzir mais, sob pressão maior, vê o risco aumentar”, avalia. Daí o fato de também ter sido incluída na pauta de reivindicações da categoria a garantia de emprego às vítimas de acidentes e portadores de doenças profissionais até a aposentadoria.


 


Por Alexandre Magalhães,
de Betim