Randon contrata jagunços para impedir mobilização dos trabalhadores

A empresa Randon deu duas demonstrações de truculência nesta semana. Diante da mobilização realizada pelo sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul, para a assembléia de campanha salarial, buscou junto ao judiciário impedir o sindicato de se manifest

Na noite de domingo (22), véspera da assembléia geral dos metalúrgicos, a juíza Fernanda Prodst da 4ª vara da Justiça do Trabalho em Caxias do Sul, concedeu, a pedido da empresa, um Interdito Proibitório. Esta medida judicial, deferida em regime de urgência, impede o trabalho sindical e a livre manifestação dos trabalhadores. O Interdito estabeleceu que o sindicato não pode se manifestar na frente da empresa (somente a uma distância de mais de 100m.). Caso a medida seja descumprida, a entidade sofre multa de R$ 10 mil por dia.



Na opinião do sindicato, a atitude da Randon revela o desespero dos patrões, que não estão conseguindo dar as respostas que os trabalhadores esperam na campanha. Por isso, segundo a avaliação, apelaram para medidas ''retrógradas, que não combinam com a democracia''. ''É lamentável que hoje em dia ainda nos deparemos com este tipo de situação. Para os patrões o trabalhador não tem nem mesmo o direito de lutar pelo seu salário?'', lamentou o presidente do sindicato, Assis Melo.



Outra surpresa na Randon, foi a presença de diversos ''jagunços'', além do forte aparato da Brigada Militar – com o batalhão de choque, nas dependências da empresa. Segundo relato dos sindicalistas, ao chegarem os onibus que transportavam os trabalhadores, estes eram literalmente empurrados para dentro da fábrica, em clara atitude abusiva e de intimidação.


 


A assessoria jurídica do sindicato entrou com recurso para anular o Interdito. O argumento utilizado é que ele impede a livre organização e o direito de greve dos trabalhadores. Nas reuniões de negociação com os patrões, ocorridas nesta terça (foram duas), e na manhã desta quarta, Melo cobrou energicamente da patronal satisfações à categoria e à sociedade, sobre a postura adotada pela Randon.


 


''Se for necessário, vamos denunciar esta conduta à OIT (Organização Internacional do Trabalho), bem como aos órgãos de defesa dos trabalhadores e dos direitos humanos no país. É inadmissível o comportamento da Randon'', sentenciou Melo.



Assembléia foi vitoriosa



O desespero da Randon não impediu que os metalúrgicos de Caxias do Sul fizessem uma grande assembléia de dissídio, na manhã de segunda-feira(23). Piquetes foram montados nas principais metalúrgicas da cidade e, após caminhada, cerca de 5 mil trabalhadores se concentraram em frente à sede do sindicato. Foi uma das maiores assembléias de dissídio já realizada pelo sindicato. Ela rejeitou a proposta patronal, de 5,2% de reajuste e aprovou o estado de greve.


 


Logo em seguida a assembléia os patrões solicitaram nova rodada de negociação. Para o sindicato, o recado da assembléia foi o de que é hora da patronal mudar de atitude na mesa de negociação.



Reivindicações



Os trabalhadores metalúrgicos reivindicam 12% de reajuste. Além disso, a campanha salarial deste ano trabalha com prioridade para itens que configuram a valorização do trabalho e ampliação de direitos, tais como a redução da jornada sem redução de salários; piso normativo de R$ 1 mil, para combater a rotatividade; insalubridade e auxílio-creche.


 


A Randon



A Randon S.A.  Implementos e Participações é uma holding mista, líder de um conjunto de oito empresas operacionais que reúnem um quadro de mais de 7 mil funcionários. Juntas, responderam por um faturamento de R$ 2,89 bilhões (valor bruto total), em 2006.


 


De Caxias do Sul
Clomar Porto e Tyele Antonacci