Brasil e Cuba lembram em ato emocionado Assalto a Moncada

O auditório do Sindicato dos Engenheiros, em São Paulo, ficou pequeno para as mais de 400 pessoas que, nesta quinta-feira (26), participaram do ato político que comemorou os 54 anos do assalto ao Quartel de Monacada por Fidel Castro e companheiros em 1

Promovido pelo Movimento Paulista de Solidariedade a Cuba, o ato faz parte de uma agenda de comemorações, iniciada nesta quinta, e que se completará com uma festa neste domingo (29) no Bar Avenida Club (Rua Pedroso de Morais, 1036).


 


Estiveram presentes diversas organizações, intelectuais, personalidades e autoridades políticas, além do expressivo público. Lembrar a história da revolução cubana, a sua atualidade e a sua relação com o momento político pelo qual passa o continente foi o motivo do encontro.


 


O ato também condenou as guerras do imperialismo estadunidense e defendeu a soberania e autodeterminação dos povos.


 


O assalto


 


A cantora Marina Machado, após a exibição de um interessante documentário sobre a Revolução Cubana, falou sobre a história do país antes e depois do Assalto a Moncada.
 


Ela lembrou que em 1953 Cuba vivia sob o domínio do ditador Fulgêncio Batista. No calor de manifestações estudantis, em 26 de julho daquele ano, Fidel Castro liderou um ataque ao Quartel de Moncada. A tentativa foi frustrada num primeiro momento e os rebeldes foram para a prisão, saindo somente em maio de 1955, quando se exilaram no México.


 


Fora de Cuba, Fidel, Raúl Castro e Che Guevara organizaram o Movimento 26 de julho. Eles conseguiram voltar a Cuba. Ao chegar a Ilha o iate Granma, que levava os revolucionários, foi duramente recebido pelas tropas de Fulgêncio Batista. Uma sangrenta luta se deu e ali morreram a maior parte dos integrantes do movimento.
 


Mas Fidel, Raul e Che conseguiram chegar a Sierra Maestra. Lá organizaram os camponeses para a luta armada. Os rebeldes também receberam apoio de setores da burguesia contrários à ditadura e que acreditavam em um projeto nacionalista para Cuba.


 


Era assinado, então, o Manifesto de Sierra Maestra, que no ano seguinte, 1958, foi ampliado pela formação da Frente Cívico-Revolucionária Democrática, que apontou a luta armada para depor Fulgêncio Batista.


 


Marcha sobre Havana


 


Em outubro de 1958 teve início a Marcha sobre Havana e os revolucionários tomam a cidade em janeiro de 1959. Com a fuga do ditador, montou-se o Governo Provisório. São nacionalizadas empresas norte-americanas de petróleo e transporte, reformuladas as políticas de educação e saúde pública, suprimidos os latifúndios e realizada a Reforma Agrária.


 


As medidas foram suficientes para provocar a ira do governo norte-americano que impôs duras restrições ao país, vigentes até os dias de hoje. Contudo, em 1963 foi criado o Partido Unificado da Revolução Socialista que, em 1965, foi substituído pelo Partido Comunista Cubano.


 


Apesar de todas as dificuldades, grande parte delas resultado da campanha assassina dos EUA contra Cuba, a Revolução Cubana venceu e avança a cada dia, registrou Marina, ao revelar dados e informações atuais sobre o país.


 


Vitórias


 


Fazendo um paralelo histórico da atualidade com a página do Assalto a Moncada, José Reinaldo de Carvalho, do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), lembrou o escritor e poeta Tomás Borge.


 


Em uma das conversas que o poeta teve com Fidel Castro nos anos 90, o último afirmou que o mundo vivia um retrocesso naquele período, mas que brevemente viria um novo período revolucionário. Para José Reinaldo, é precisamente isto o que está acontecendo.


 


O também secretário de Relações Internacionais do PCdoB, disse que apesar dos distintos caminhos que tomaram a Venezuela, o Uruguai, a Nicarágua, o Equador e o Brasil, na conquista de governos democráticos e progressistas, todos foram eleitos pelo voto popular, possuem caráter antiimperialista e resultaram da falência dos modelos políticos das classes dominantes.


 


Essa falência que sofre o modelo dominante guarda estreita relação com as grandes mobilizações sociais que se desenrolam desde o início do novo milênio, avalia. A derrota da ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), do ex-ditador peruano Alberto Fujimore, a controvertida eleição no México, entre outros episódios recentes, foram citados como exemplos de vitórias.


 


Porém, o dirigente político acredita que há grandes desafios a serem vencidos. Ele cita a luta pela soberania e reconquista da independência, o aprofundamento das questões democráticas – incompatíveis com os interesses das classes dominantes – e as lutas pela justiça social como fundamentais no cenário atual.


 


Justiça


 


A libertação dos cinco heróis cubanos, impedidos de voltar a Cuba pelos EUA, e a prisão de Posada Carriles, terrorista que goza de intensa liberdade no país amricano, foram algumas das bandeiras em defesa de Cuba defendidas pelos presentes no ato.


 


Além de Marina Machado e José Reinaldo de Carvalho, também foram convidados para o ato, o jornalista Max Altman – que denunciou o silêncio da mídia diante das revelações recentes das inúmeras tentativas da CIA de liquidar com o comandante da Revolução Cubana, Fidel Castro – e o dirigente do Partido Comunista Cubano, Roberto Regalado Alvarez.


 


Emocionado, Regalado agradeceu o apoio dos brasileiros ao povo cubano e comprometeu-se em transmitir as mensagens de solidariedade a Cuba. Regalado também defendeu que o caráter limitado, formal e falso da democracia burguesa ainda será desmascarado, e que o momento é de acumulação das forças democráticas para a construção da paz e o fim das guerras promovidas pelos EUA.