Acre: estudantes de medicina buscam apoio para diploma cubano
Uma delegação de 22 alunos da Escola Latino-americana de Medicina de Cuba (Elam) foi recebida pelos deputados da Assembléia Legislativa do Acre (Aleac), durante sessão na última quinta-feira (2). No encontro, os estudantes apresentaram uma propos
Publicado 06/08/2007 19:19
Segundo a proposta, caso os diplomas sejam revalidados pela Ufac, os alunos de medicina formados em Cuba ficariam à disposição do governo estadual durante um ano. Esse prazo foi contestado pelo deputado Taumaturgo Lima (PT), que pediu para que a proposta seja revista, elevando o período para três ou cinco anos. “Temos um grande problema com profissionais que vêm para o estado, conseguem os seus registros e depois vão embora”, destacou.
Amenizar o problema da falta de médicos no interior do estado é um dos principais objetivos da proposta dos estudantes. “Isso ajudaria a resolver o problema de falta de médicos no interior do estado”, ressaltou Janilson Lopes Leite, natural de Tarauacá e estudante do quinto ano de medicina em Cuba.
O reitor da Ufac garantiu que a Universidade tem interesse na revalidação dos diplomas de alunos de cursos de medicina estrangeiros, mas ressaltou a atual impossibilidade pelo fato de a Instituição não haver formado nenhuma turma do Curso de Medicina, que tem previsão de graduar a primeira sala até o final deste ano. “Depois disso, a Ufac pode começar a discutir as formas de revalidação de diplomas de faculdades de medicina de outros países, como é o caso de Cuba”, disse.
Em meio à discussão da revalidação dos diplomas, a falta de médicos no interior do estado também virou pauta do debate. O deputado Donald Fernandes (PSDB), que também é médico, chamou a atenção para a seriedade do tema. “O trabalho dos profissionais no interior precisa ser revisto, pois eles necessitam de condições dignas de trabalho e de remuneração justa – e isso é difícil encontrar em municípios isolados”, argumentou.
Naluh Gouveia (PT) criticou a atuação de parte dos médicos do Acre. “A maioria dos médicos está com a vida profissional consolidada, e não quer ir para aos municípios, subir os barrancos dos rios, examinar crianças com vermes”, disse a parlamentar, ao ressaltar a importância da vinda dos médicos brasileiros formados em Cuba.
Moisés Diniz (PCdoB) destacou a situação favorável que se tem no estado para resolver a questão dos diplomas. Ele propôs a criação de um grupo de trabalho envolvendo a Ufac, Assembléia, governo estadual e estudantes de cursos estrangeiros de medicina, visando dar continuidade na discussão.
O presidente da Aleac, deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), disse acreditar na possibilidade de a Ufac e o governo estadual, por meio de um convênio, realizarem a revalidação dos diplomas de estudantes de medicina de Cuba. “Acredito, também, na vocação desses alunos que são, na sua grande maioria, de origem pobre, e sabem da necessidade de médicos para o interior do nosso estado”.
O secretário de Saúde Oswaldo Leal falou sobre as dificuldades que as regiões Norte e Nordeste têm para trabalhar com a fixação de profissionais em lugares remotos. “A grande maioria dos profissionais estão sendo formados com um forte apelo para o mercado privado, deixando de lado o sistema público de saúde”, disse o secretário, ao ressaltar o diferencial do Curso de Medicina da Ufac que, segundo ele, foi formatado para atender à realidade social do Acre, com uma visão mais humana da saúde.
Leal anunciou, ainda, a realização de novos concursos para médicos residentes para o próximo ano. “A novidade é que neste ano nós vamos fazer a residência para todos os profissionais de saúde, e não só para médicos”.
Medicina em Cuba
O governo cubano oferece anualmente 300 vagas para o Curso de Medicina. Todos os estudantes são selecionados por dois critérios: sócio-econômico e científico. O candidato à vaga passa por uma entrevista no Consulado de Cuba, que fica em Brasília. Passando desta etapa, ele vai para Cuba, onde participa de um curso chamado Pré-médico, de quatro meses, tendo aulas de química, física, matemática, biologia e espanhol.
Ao final do Pré-médico, o candidato passa por uma segunda etapa: a prova científica, que tem caráter eliminatório. Caso o candidato seja classificado, ele passa a estudar medicina em Cuba, com todo o apoio garantido pelo regime de Fidel Castro. O estudante recebe, gratuitamente, alojamento, alimentação, material didático, farda e material higiênico, além de uma ajuda extra em dinheiro.
Somente a Escola Latino-americana de Medicina (Elam) forma, anualmente, mais de 70 médicos brasileiros. Eles voltam para o país e esperam pela revalidação do diploma. Estima-se que existam hoje cerca 170 médicos no aguardo pela revalidação de seus diplomas expedidos pela Elam, em todo o Brasil.
por Diego Pintro
Coordenadoria de Comunicação da Aleac