Taxistas se aliam contra a dengue

Para combater a dengue é preciso evitar a proliferação do mosquito. O titular da Secretaria da Saúde , João Ananias, ressaltou ontem a importância de determinadas categorias nessa tarefa

Falar sobre o cenário atual da dengue é falar sobre desafios. O mosquito Aedes aegypti já apresenta resistência a mecanismos de controle, como o fumacê. O foco do vetor ainda está dentro das residências, não importando a classe social. A doença tem se manifestado em suas formas mais graves. Além disso, no Ceará, o número de casos confirmados de dengue hemorrágica neste ano de 2007 já ultrapassa o de 2006. Foram 178 casos registrados em 2007 até a última sexta-feira, enquanto em todo o ano de 2006 foram 172. Os dados são da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa).


 


Por isso, na avaliação do titular da Sesa, João Ananias, os principais desafios do combate à dengue são a mobilização social e a redução da letalidade, ocasionada pelas formas mais graves e pela dengue hemorrágica. “A vigilância que cada um pode fazer é fundamental. Nós apelamos para que cada cidadão, uma vez por semana, faça uma inspeção na sua casa”, disse João Ananias durante evento no Pólo de Lazer do Sindicato dos Taxistas do Estado do Ceará (Sinditáxi), no Quintino Cunha.


 


Lá, a categoria comemorava a festa de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas, e a Sesa aproveitou para convidar os taxistas a serem aliados no combate à dengue. “Nosso grande desafio hoje é chegar mais à sociedade, convencer da nossa proposta”, disse Ananias. Na opinião do presidente do Sinditáxi, Vicente de Paulo Oliveira, os taxistas podem passar informações para os passageiros.


 


Formas mais graves



De acordo com João Ananias, há 20 anos, havia um caso de dengue hemorrágica para cada 3.500 casos de dengue clássica no Ceará, enquanto dados de 2006 indicam a ocorrência de um caso de dengue hemorrágica para cada 150 casos de dengue clássica. “Sem falar das formas graves da doença, que não têm as características da dengue hemorrágica, mas que também podem levar ao óbito. Nos últimos cinco anos, vem aumentando os números de casos das formas mais graves da dengue”.


 


Existem três sorotipos (tipos de vírus) da dengue circulando no Brasil, segundo Ananias. O dois e o três, os mais graves, são os que mais prevalecem, pois à medida que a pessoa é infectada pelo primeiro tipo, ela se torna imune. Da segunda vez, essa mesma pessoa já será infectada por um mais grave e assim por diante. Já é esperado que, com o tempo, a população esteja suscetível aos tipos mais graves. “O quarto tipo já está na Venezuela. Quando entrar no Brasil, nós vamos ter uma outra epidemia, pois teremos toda uma população suscetível ao quarto tipo”, assevera.


 


Contudo, Ananias afirma que evitar a entrada deste quarto tipo no país é muito difícil. “Basta que uma pessoa infectada pelo vírus venha para cá para iniciar a cadeia de transmissão”. Mesmo se houver o controle sanitário em aeroportos e rodovias, se a pessoa estiver infectada, mas ainda não estiver apresentando sintomas, não há como evitar a infestação. “O único jeito é manter baixas as taxas de infestação”, explica.


 



E-MAIS


 


”Só há dengue, porque há o mosquito. A única maneira de evitar a dengue é controlar o mosquito”, diz o secretário da Saúde, João Ananias. Ele afirma que para controlar o vetor, a Secretaria da Saúde (Sesa) tem utilizado todo os recursos que a ciência tem proporcionado. “Hoje estamos no limite do que a ciência oferece para o controle e combate à doença. Não há recurso científico que não esteja sendo utilizado”, garante.


 


No interior do Estado, o número de casos de dengue e de municípios com infestação do mosquito e o número de municípios com transmissão da doença têm crescido. Em 2006, 166 municípios apresentaram infestação do mosquito e 146 cidades tiveram transmissão da doença. Neste ano, 169 municípios apresentaram infestação do mosquito e 160 cidades tiveram transmissão da doença.


 


Fonte: O Povo