Debate aponta que aborto é questão de saúde pública

A OAB/RJ recebeu, no dia 7, o representante do Ministério da Saúde (MS), Adson França, a Secretária de Desenvolvimento Econômico de Niterói, Jandira Feghali, e integrantes das secretárias de saúde estadual e municipal do Rio. Adson informou que morrem

O debate sobre a descriminalização do aborto foi realizado pela OAB Mulher. O representante do Ministério da Saúde, Adson França, começou sua palestra dizendo que a mortalidade materna é um grande problema a ser debatido e que o aborto deve ser tratado como questão de saúde pública. Adson ainda destacou que 59 mulheres se suicidaram por depressão pós-parto em 2005, também uma questão a ser enfrentada.



Adson informou ainda que 10 mil abortos legais foram realizados pelo SUS em 2005. Para reforçar a necessidade da descriminalização do aborto, Adson disse que, realizado em condições seguras, “o risco de uma mulher morrer por aborto é menor do que um em cada cem mil mulheres que passam pelo procedimento”.



Entre as principais causas de morte no aborto estão a baixa escolaridade e precárias condições sócio-econômicas. Ainda segundo o MS, 12% das mulheres que morrem por esse motivo não tinham sequer o primeiro grau completo.



Legalizar não é estimular



Para Jandira Feghali, que também é médica, “ninguém quer que o aborto seja feito ou estimulado, mas é uma questão a ser encarada. No Brasil, o aborto é ilegal, mas é feito”. Jandira também relacionou a questão da exclusão social com o número de mulheres mortas, negras e pardas em maior quantidade: “a restrição da legalização tem corte de classe, mulheres que têm dinheiro não morrem, pois tem como pagar médicos melhores”.



O motivo que levam as mulheres a abortarem, segundo Jandira, “é a desinformação, a falta de acesso aos serviços, como creches, pressão patronal, abandono do companheiro, violência e falta de apoio familiar para meninas em idade precoce”, entre outros.



O debate contou com a presença de entidades de mulheres como a Rede Feminista e a União Brasileira de Mulheres, esta última representada por Dilcéia Nahon e Helena Piragibe. Também esteve nos debate a presidente do PCdoB/RJ, Ana Rocha.