Messias Pontes: A elite é intrinsecamente má

O bom jornalismo recomenda não generalizar, já que toda regra tem exceção. O título deste artigo pode parecer uma generalização, mas não é, pois se refere à elite racista brasileira, notadamente a paulista e a carioca. O desprezo pelas camadas populares é

E é justamente esse desprezo das elites e da alta classe média pelas camadas populares que não aceita que um retirante nordestino, ex-operário metalúrgico ocupe o mais alto posto da República. Daí a campanha sistemática contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde o primeiro dia do seu primeiro mandato. Para elas, um retirante nordestino, Silva e, acima de tudo, sem formação acadêmica não pode ascender à presidência da República. Isto é um sacrilégio inaceitável. Daí acalentar e preparar o golpe de Estado através da mídia grande, contando com a colaboração de jornalistas amestrados que se prestam a todo tipo de serviço, até fazer uma boa ação se no momento isto for oportuno.


 



A hipocrisia dessa podre elite é ilimitada. Ninguém pense que ela se comoveu com a tragédia com o Airbus A-320 da TAM no dia 17 de julho último. Ela até vibrou, pois era mais um motivo para atingir no peito o presidente Lula e seu governo – o mais popular que este País conheceu em toda a sua história. Antes mesmo que fossem apuradas as causas do mais grave acidente aéreo do Brasil, os jornalistas amestrados se apressaram em julgar e condenar o Presidente como o único responsável. Mesmo com o depoimento de técnicos especializados em contrário e com o resultado das caixas-pretas apontando falhas mecânicas como resultantes da tragédia.


 



A declaração do milionário presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati, fala mais que mil teses de mestrado ou doutorado em Ciências Políticas. Ao comentar o acidente acontecido há dez meses com um Boeing da Gol, quando morreram 154 pessoas, entre elas vários cientistas e pesquisadores da Embrapa, Jereissati declarou que “Isto não é bom para nós, pois vai desviar o foco do escândalo do dossiê”. Em momento algum ele se solidarizou com a família das vítimas. Ele se referia ao dossiê dos Sanguessugas comprado pelos “aloprados” do PT para prejudicar a campanha do tucano José Serra ao governo de São Paulo.E isto pode ser explicado porque tucano não tem coração, pois é ave de rapina.


 



Não faz muito tempo, era comum filhinhos de papai queimarem e até matarem mendigos que dormiam nas ruas de São Paulo; há dez anos rapazes da alta classe média de Brasília queimaram o índio pataxó Galdino de Jesus e depois alegaram que o tinham confundido com um mendigo; há dois meses outros marginais da alta classe média do Rio de Janeiro espancaram e roubaram  uma empregadas doméstica e depois afirmaram que a tinham confundido com uma prostituta. Para essa gente, índio, mendigo e prostituta não são seres humanos e por isso não merecem viver. 


 



Socialites paulistas e cariocas deram agora para “se divertir” jogando ovos podres, camisinhas e vários outros objetos do alto dos seus luxuosos apartamentos em trabalhadores e pessoas humildes que passam na calçada. “Nem sempre acerto, mas adoro acertar”, disse, cinicamente sorrindo, a socialite Narcisa Tamborandeguy, da sacada de um apartamento de luxo em Ipanema – Rio de Janeiro. Há dois meses uma dondoca paulistana protestava no Aeroporto de Congonhas pela fila que teve de enfrentar: “Depois que todo pobretão passou a viajar de avião as filas são infindáveis”.


 



O diretor da TV Globo, J.Bruno de Oliveira, o Bruninho, declarou que já “acertei muita vagabunda em São Paulo”. Esse marginal global dá até a receita de como apodrecer ovo: basta botar éter dentro do ovo e esperar três dias e fica uma beleza”. Isto em nada difere da declaração do banqueiro Jorge Bornhausen, ex-presidente do PFL (DEMO) durante a crise do chamado “mensalão”, que ele pensava que tinha levado a nocaute o Governo Lula e o PT: “Vamos nos livrar dessa raça pelo menos por 30 anos”. É racismo puro cheirando a fascismo.


 



No que pese a comprovação de que o presidente Lula não teve culpa nenhuma pela tragédia com o avião da TAM, essas elites apodrecidas e apátridas continuam querendo manipular a opinião pública e jogar toda a culpa em Lula. Criaram um tal movimento “Cansei” e até articularam uma passeata em várias capitais brasileiras, mas deram com os burros n’água. Em São Paulo, menos de duas mil pessoas compareceram; no Rio de Janeiro, esse número não passou de cem; e em Brasília ficou em 70. O poodle das madames paulistanas, João Dória Júnior, ficou profundamente decepcionado, o mesmo acontecendo com o emplumado presidente da seccional paulista da OAB, tucanos e demos.


 



Outra gritante frustração das elites racistas foi o resultado da pesquisa de opinião realizada pelo Datafolha depois do acidente da TAM, publicada no último domingo na Folha de São Paulo. O presidente Lula e o seu governo continuam com o mesmo percentual de aceitação. E não adianta querer responsabilizar o presidente Lula pela queda da ponte sobre o rio Mississipi, nos Estados Unidos, porque a esmagadora maioria dos brasileiros não vai acreditar.


 



Anteontem, mataram um índio enquanto dormia numa calçada em Brasília; ontem, roubaram e espancaram uma humilde doméstica; hoje, jogam ovos podres e outros objetos nos transeuntes. O que farão amanhã?


 



O presidente Lula e os democratas não devem contemporizar com esses canalhas!


 


 


Messias Pontes é jornalista