SP: Após pressão da categoria, Metrô cede com nova proposta
Depois de uma greve de dois dias no metrô de São Paulo e da demissão de 61 funcionários, a direção da empresa recuou e fez nesta terça-feira (7) uma nova proposta de pagamento da PLR (Participação nos Lucros e Resultados), mais próxima da defendida pelo s
Publicado 08/08/2007 18:32
A companhia aceitou distribuir 66% do benefício (equivalente a uma folha de pagamento) de forma igual entre os empregados, enquanto os demais 34% seguiriam divididos proporcionalmente aos salários.
Até então, ela queria que só 40% do montante da PLR fosse distribuído de maneira fixa, com os 60% restantes flexíveis -quem tivesse maior vencimento receberia mais.
O Metrô não alterou a quantia total ofertada (uma folha de pagamento, com adiantamento de R$ 800), mas a divisão desigual do benefício era a principal resistência dos metroviários, conforme afirmou na tarde desta terça Flávio Godoi, presidente do sindicato.
Embora mais próxima da defendida pela entidade, a nova proposta ainda é alvo de insatisfação porque a categoria quer que toda a PLR seja distribuída de forma fixa (mesmo valor para mecânico ou engenheiro), assim como acontece desde a última década.
O sindicato convocou assembléia hoje para discutir a proposta e, principalmente, definir uma reação às demissões anunciadas pela empresa.
Demissão recorde
O afastamento de 61 pelo governo José Serra (PSDB) é recorde em uma semana pós-greve desde 1988, na administração Orestes Quércia (PMDB), quando 300 foram demitidos.
O sindicato, em nota, classificou a medida de “ato arbitrário de Serra” e disse que a “retaliação” criou um “clima de revolta e terrorismo incompatível com as mínimas condições necessárias para que os metroviários prestem seus serviços”.
A CUT-SP (Central Única dos Trabalhadores), a quem a atual direção da entidade é ligada, também divulgou comunicado repudiando as demissões e dizendo que três diretores do sindicato e três trabalhadores inscritos para disputar as próximas eleições internas da presidência dos metroviários, no mês que vem, foram demitidos. “Os desligamentos revelam a declarada perseguição à atividade sindical”, afirma.
A central sindical diz que houve “mal-estar no ambiente de trabalho” e que a situação “pode se refletir na qualidade dos serviços prestados”.
O Metrô mantém a versão de que a demissão ocorreu por critérios de desempenho e diz que mais de cem funcionários já tinham sido afastados ao longo deste ano. A empresa afirma ter hoje 7.500 empregados, mais do que em 2005, quando havia 7.394, porém menos do que os 7.621 do ano passado.
A direção da companhia não quis comentar ontem as críticas do sindicato e da CUT.
Reação
Os metroviários vão definir em assembléia nesta quarta-feira (8) a estratégia de reação às demissões anunciadas pelo Metrô.
Os sindicalistas estavam divididos sobre como deveriam reagir à ofensiva. Alguns grupos defendiam uma radicalização e a definição de nova greve nos próximos dias. Outros já admitiam que os trabalhadores estavam abatidos e cogitavam até desistir da reivindicação da PLR, mediante renegociação das demissões.
As alegadas demissões por “baixo desempenho” no Metrô atingiram a cúpula do sindicato da categoria. O diretor da executiva Antonio Carlos Camargo, que é filiado ao PT e trabalha na companhia há 22 anos como mecânico de manutenção, foi um dos 61 afastados.
Além dele, ao menos mais quatro diretores de base também foram demitidos, assim como três integrantes das duas chapas que disputarão as eleições para a presidência do sindicato em setembro. O afastamento atingiu todas as tendências políticas. A demissão de diretores sindicais será alvo de contestação, já que a empresa dá estabilidade a só 7 dos 17 integrantes da executiva.
A orientação do sindicato é que todos os demitidos entrem com recurso administrativo para suspender as demissões enquanto elas não forem assinadas pelo chefe de cada setor.
Com salário de R$ 2.400, Camargo, 52, contestou ontem a alegação do Metrô. “Estou há 22 anos na empresa, nunca recebi nenhuma crítica ao meu trabalho nem tive punição e tenho boa relação com minha chefia. Meu coordenador neste ano fez inclusive elogios à equipe em que trabalho. Recebi a notificação de dispensa sem qualquer explicação”, disse ele, para quem a decisão foi ligada à greve.