Deputados da base de Aécio Neves aprovam projeto contra Ministério Público

É famosa no folclore político mineiro a máxima de que ''mineiro fala não falando''. O governador Aécio Neves se utilizou da mesma lógica na polêmica que vem se arrastando nos últimos dias envolvendo o cerceamento do Ministério Público, promovido atravé

Em mais uma jogada de marketing, ''jogou para a platéia'', como foi denunciado por deputados da oposição nesta quinta-feira. Vetou o projeto na íntegra, mas liberou sua ampla maioria na Assembléia para derrubada do veto que foi feita por 60 votos, contra nove pela manutenção, um voto em branco e a atitude de protesto do deputado Sávio Souza Cruz, que se recusou a votar. O projeto aprovado limita profundamente a ação do Ministério Público e institui foro privilegiado a 1981 autoridades estaduais.


 


O deputado Carlin Moura, do PCdoB, em sua declaração de voto, denunciou a jogada do governador, que tem entre os seus secretários e o seu vice, os principais interessados na aprovação da matéria. ''A questão de fundo aqui não é a proteção da Assembléia e sim do executivo.  Quem estão sendo blindados não são os deputados
e sim o vice e os secretários de Estado''. Carlin relatou o respeito que tem ao Ministério Público, que considera ''um dos grandes avanços democráticos criados pela Constituição de 1988''.


 


Blindando secretários



A aprovação do projeto acontece em um momento em que denúncias foram encaminhadas pelo MP em relação a ação de secretários de Aécio, como o caso da secretária de cultura, Eleonora Santa Rosa, acusada de privilegiar sua empresa particular em projetos financiados por verbas estatais. Como na prática os deputados já contavam com o foro privilegiado, estas figuras é que serão beneficiadas a partir de agora.


 


O petista Weliton Prado apontou esta contradição da tribuna ''faltou coerência do governo do estado. O governador se utilizou da Assembléia para defender seus interesses, pois os deputados já tem foro, mas agora blindou os secretários e o vice. Joga para a platéia, faz hipocrisia''. Prado lembrou que há alguns anos o presidente Lula enviou para o Congresso um projeto criando o foro privilegiado para o  presidente do Banco Central, ''mas fez isso de peito aberto, enfrentando o desgaste, ao contrário de Aécio, que se utilizou da Assembléia para fazer a manobra''.


 


O deputado do PMDB, Sávio Souza Cruz, fez um duro pronunciamento atacando o governador e os deputados da base pelo que chamou de ''teatro montado nesta Casa''. Segundo Souza Cruz, ''Aécio mostrou que está com o pé na garganta da Assembléia, pois ele é o principal responsável pelo projeto''. O peemedebista denunciou que as 57 emendas apresentadas, que criaram o cerceamento do MP, apareceram no mesmo momento na Casa e que coube à liderança do governo procurar deputados para emprestar suas assinaturas.


 


De Belo Horizonte,
Kerison Lopes