MST e ruralistas se confrontam em Pedro Osório
Integrantes do Movimento sem Terra e ruralistas entraram em confronto na manhã desta quinta-feira em Pedro Osório. O enfrentamento aconteceu momentos antes da audiência pública que discutiria o conflito entre as famílias acampadas ao lado da Fazenda da
Publicado 10/08/2007 11:25 | Editado 04/03/2020 17:12
Sem terras denunciam que a Brigada Militar agiu de modo truculento. A integrante do MST Neiva Santos conta que os sem-terra foram revistados antes de chegarem ao salão paroquial local, onde ocorreria a audiência. Na porta do salão, encontraram os fazendeiros.
“Ao chegar no salão paroquial local, na porta, os fazendeiros estavam ali, em torno de 400, e começaram a gritar e dizer que os sem-terra não iriam entrar, que eles é que iam entrar. Aí começaram a jogar um gás que nós não sabemos o que é, mas que tonteia as pessoas. Daí começou o confronto e a Brigada Militar começou a bater, inclusive os fazendeiros também”, relembra.
Para Neiva, episódios como o desta quinta não podem intimidar as lutas do Movimento.
“Agora é que nós temos que fazer a luta para que a sociedade brasileira conheça, de fato, quem é quem, e possa ser favorável àqueles que, de fato, precisam, que são os sem-terra, que precisam de terra pra sobreviver”, diz.
O procurador-federal Paráclito Brazeiro de Deus testemunhou o confronto e a ação da Brigada Militar.
“Foi uma ação truculenta e com lado. Foi dirigida especialmente ao pessoal dos sem-terra. Parece que havia uma pré-determinação de bater nos companheiros do movimento social. Isso ficou bem claro”, avalia.
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) condenou a violência. O superintendente regional substituto do Incra, José Rui Tagliapietra, que acompanhou o enfrentamento, avalia que houve falhas da Brigada Militar.
“Na nossa avaliação, no momento do confronto ela (Brigada) não estava preparada para tranqüilizar a situação e o ambiente que houve. Tinha pouco efetivo da Brigada Militar no momento em que houve o confronto, sabendo que de um lado, estavam os sem-terra e de outro lado estavam os fazendeiros e outros interessados em participar da audiência”, afirma.
Na versão da Brigada Militar, a agressão contra os ruralistas partiu dos sem terra. O subcomandante Coronel Paulo Mendes afirma que a Brigada apenas cumpriu com sua obrigação.
“Sempre que há essas questões envolvendo o MST, o MST pulveriza na imprensa questões relacionadas à truculência da Brigada, os quais, de antemão, nós refutamos como inverídicas. Na verdade, o que a Brigada fez foi cumprir seu papel de polícia, ou seja, intervir na contenção de delitos. E foi isso que aconteceu”, diz.
A Brigada Militar não informou o efetivo da ação, pois faria parte da estratégia de trabalho dos policiais. Na próxima segunda, o MST denuncia o confronto ocorrido nesta quinta-feira à Ouvidoria Agrária Estadual. Em outras ocasiões, o Movimento já denunciou abusos de violência por parte de policiais.
As 200 famílias que estão acampadas do lado da Fazenda da Palma reivindicam a área para assentamento. Hoje, no Rio Grande do Sul, existem 2500 famílias acampadas em beira de estradas.
Agência Chasque