''Margaridas'' chegam à Brasília para mostrar luta permanente
Desde as cinco horas da manhã desta terça-feira (21) começaram a chegar a Brasília, as 50 mil mulheres trabalhadoras que vêm de todos os estados brasileiros participar da Marcha das Margaridas. Segundo as organizadoras, ''a luta das trabalhadoras rurai
Publicado 21/08/2007 18:35
A cada quatro anos, elas se reúnem em Brasília, para, em meio a uma grande manifestação na Esplanada dos Ministérios, fazer denuncia das condições da vida do campo, debater os temas prioritários para o desenvolvimento com igualdade de gênero e apresentar e negociar com os poderes constituídos – as propostas que trazem.
''A Marcha das Margaridas busca dar visibilidade à mulher rural, à quebradeira de babaçu, às mulheres da floresta… É a voz simples que se organiza por reforma agrária, ampla e massiva, por terra, água e agroecologia'', disse a coordenadora da Comissão Nacional de Mulheres e vice presidente da CUT, Carmen Foro.
Elas vem inspiradas na luta da ex-líder sindical, Margarida Maria Alves – que deu nome à Marcha – assassinada em 1983, na porta de sua casa, por latifundiários do Grupo Várzea, na cidade de Alagoa Grande, Paraíba.
2007 Razões para Marchar
As trabalhadoras estão acampadas no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, onde ficam até quarta-feira (22), quando marcharão para a Esplanada dos Ministérios e farão ato político em frente ao Congresso Nacional. A abertura do encontro aconteceu às 10 horas desta terça-feira, na tenda montada na parte externa do Pavilhão.
Na quarta-feira à tarde, as mulheres se reúnem em cinco mesas de debates simultâneos. As ministras Nilcéia Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, e Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, além de Maria da Penha, símbolo de luta contra a violência doméstica, participam do debate sobre o combate à violência.
Outros temas como previdência rural, emprego, renda e agroecologia também fazem parte da programação.
Além das atividades políticas, a Marcha das Margaridas é um espaço para as trabalhadoras rurais exporem produtos elaborados por elas. A Feira Solidária das Margaridas representa um momento de socialização e troca de produtos com base nos preceitos da economia solidária.
Exemplo de luta
Margarida Maria Alves era Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba, e fundadora do Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural. Ela obteve grande destaque na região por incentivar os trabalhadores rurais a buscarem na Justiça a garantia dos seus direitos protegidos pela legislação trabalhista.
A líder sindical promovia campanhas de conscientização com grande repercussão junto aos trabalhadores rurais que, assistidos pelo Sindicato, moviam ações na Justiça do Trabalho, para o cumprimento dos direitos trabalhistas, como carteira de trabalho assinada, 13º salário e férias.
À época do assassinato de Margarida Alves, foram movidas 73 reclamações trabalhistas contra engenhos e a Usina Tanques. Um fato inusitado, em função da então incipiente democracia brasileira, e que gerou grande repercussão. Em conseqüência disso, Margarida Alves passou a receber diversas ameaças. Eram “recomendações” para que ela parasse de criar “caso” e deixasse de atuar no Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
Em seu último discurso, registrado em fita cassete, Margarida denunciou as ameaças que vinha sofrendo e disse que preferiria morrer lutando a morrer de fome.
Programação
Dia 21 – Terça-feira
10h – Abertura da Marcha das Margaridas e da Feira Solidária das Margaridas, no Pavilhão de Exposição do Parque da Cidade.
15h – Cinco mesas de debates simultâneas, no Pavilhão de Exposição do Parque da Cidade.
Dia 22 – Quarta-feira
8h – Caminhada até a Esplanada dos Ministérios. Está previsto um ato político em frente ao Congresso Nacional.
12h – Retorno ao Pavilhão de Exposições Parque da Cidade.
14h – Plenária final para repasse dos pontos negociados com o governo federal, no Pavilhão de Exposição do Parque da Cidade.
Fonte: Agência Contag de Notícias