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Força belicosa da Abril tenta evitar CPI

“Tem algo no ar além dos aviões de carreira”. O líder do PSOL, Chico Alencar (RJ), usa o velho jargão para justificar a situação na Câmara dos Deputados que envolve a instalação da CPI da Abril-Telefônica. Ele não afasta a possibilidade de que a Editor

“Pode ser que haja pressão da Editora Abril sobre os parlamentares, não é impossível, porque a Abril tem uma força belicosa muito grande e talvez deputados mais preocupados, mais temerosos, estão assustados”, disse, citando o caso do deputado Paulinho da Força (SP), líder do PDT, que disse que queria tirar assinatura.



O documento que instaurou a CPI, de autoria do deputado Wladimir Costa (PMDB-PA), foi assinado por 182 deputados, onze a mais que o necessário para a abertura do Inquérito. Na reunião do Colégio de Líderes, nesta terça-feira (28), o líder do PSDB, Antônio Carlos Pannunzio (SP), sugeriu que fosse feita uma nova lista para evitar a instalação da CPI.



Depois de protocolado o requerimento, as assinaturas não podem ser mais retiradas. O único expediente possível para evitar a instalação é uma nova lista com a maioria dos que assinaram o requerimento – metade mais um, ou 92 parlamentares – pedindo a suspensão da CPI.



Para o líder do PSOL, Chico Alencar, existe uma solução para evitar que a CPI seja vinculada ao caso de denúncias contra o presidente do senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). “Se o problema for esse, para tirar qualquer contaminação com o caso Renan, é só instalar tão logo acabe a questão, que está entrando na fase decisiva agora – quinta-feira agora o Conselho de Ética decide e em duas semanas o plenário delibera”.



O líder do PSOL acredita que existe fato determinado. “Me aparece algo a ser analisado, não é (denúncia)  estrastosférica”, avalia.  O deputado Chico Lopes (PCdoB-CE) também acredita na denúncia e considera necessário que a Câmara instale a CPI para apurar as ilegalidades na operação entre a TVA e Telefônica, “que fere os princípios constitucionais de controle de outorga de TV a cabo por empresa estrangeira”, alertou.



“O Psol tem por princípio de que toda proposta de CPI, que tem um mínimo de consistência, a gente assina”, disse, acrescentando que “eu acho muito ruim, você assinar uma coisa, sem pressão, e depois retirar. É feio”.



O líder socialista chamou atenção para as discussões que ocorreram no plenário, na sessão desta terça-feira, quando o líder do PSDB e o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) questionaram o fato determinado da denúncia.



Movimento contra



Para ele, “está havendo movimento para que CPI não caminhe”, reafirmou, acrescentando que “o proponente deveria estar lá; os do PT, que deram maior número; deveriam se manifestar, mas tanto na reunião de líderes como no plenário, se calaram”.



O deputado Paulinho da Força (PDT-SP) admitiu que foi um dos que manifestou interesse em retirar a assinatura, “por que eu não sabia que era a CPI da Abril, pedi para retirar, mas não pode mais retirar, é um problema”.



Ele disse ainda que vai trabalhar para que a CPI não ande, “porque mas não podemos trabalhar assim – não conheço o problema, mas acredito que a denuncia não tem fundamento para uma CPI, me parece mais uma tentativa de troco”.



Resposta à Veja



Sobre a matéria publicada neste final de semana pela revista Veja, acusando os 182 parlamentares que assinaram o requerimento de terem “surrado a ética”, o deputado Wladimir Costa, em entrevista ao Portal Imprensa, disse que as acusações da Veja são “extremamente ridículas” e que, se a transação é transparente, a revista deveria ser a primeira a querer a CPI para que o Grupo Abril parasse de ser alvo de denúncias.



“A Veja sempre foi o paladino da justiça e da liberdade de imprensa, mas quando ela passa a ser acusada, não age da mesma forma. A revista deveria dar uma capa com a manchete 'Veja a Veja envolvida em um escândalo'. Porque a transação vai se tornar um grande escândalo. São extremamente ridículas as acusações. Nenhum deputado assina nada sem ler. Não lidamos com crianças. Como iríamos enganar 182 deputados?”, disse, em resposta as alegações da veja de que os parlamentares foram enganados.



De Brasília
Márcia Xavier