Brasil e Noruegal “duas potências no campo da energia”?
Em Oslo, última escala de sua turnê de quatro dias pelos países escandinavos, nesta sexta-feira (14), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou a atenção para uma semelhança pouco conhecida entre o Brasil e a Noruega: “São duas potências no campo da e
Publicado 14/09/2007 18:41
Veja o quadro ao lado, com as matrizes de produção de energia elétrica de 13 países selecionados. O Brasil e a Noruega se destacam pelo papel das hidrelétricas, que produzem energia renovável, comparativamente mais barata, mais limpa e segura que as duas alternativas de uso comercial mais difundido – os combustíveis fósseis e as usinas nucleares.
Dois gigantes diferentes
Com 99,3% de sua eletricidade vinda da água, a Noruega é uma recordista neste campo (embora pequenos países, como o Paraguai,ostentem percentuais ainda mais altos). Embora não possua rios caudalosos, ela tira partido da abuindância de quedas d'água em seu território montanhoso. Além disso, foi o primeiro país do mundo a gerar eletricidade em escala comercial usando a força das marés. Para isto, tirou partido do seu litoral recortado por fiords. Foi com a usina de Kvalsund, que começou a produzir em 2003.
O Brasil, sem as montanhas norueguesas mas com as maiores reservas hídricas do planeta, também ostenta uma matriz energética altamente concentrada nas águas, 82,7%. E ela já foi maior, tendo se reduzido durante o apagão energético de 2001-2002, que levou o governo Fernando Henrique Cardoso a comprar às pressas usinas termoelétricas. É o segundo maior produtor mundial de energia hidroelétrica, com 454 mil MW-ano, atrás da China (462 mil MW) e à frente dos Estados Unidos (222 mil MW).
Um acordo para o etanol
A Noruega também é forte em petróleo – o sétimo maior produtor mundial e o terceiro maior exportador, com um ritmo de 3,3 milhões de barris diários, extraídos nas águas pouco profundas da plataforma do Mar do Norte. Enquanto o Brasil está em um modesto 17º lugar, entre Angola e a Argélia, e apenas no ano passado alcançou a auto-suficiência em petróleo.
Mas o Brasil de Lula ambiciona ser uma potência energética do século 21 a partir dos biocombustíveis – etanol e biodiesel. O presidente mais uma vez usou sua agenda internacional para vender a idéia, e na Suécia reuniu cientistas em um seminário para debater a alternativa, apresentando os números do boom do atanol brasileiro: “Mais de 17 bilhões de litros anuais, com a melhor relação mundial de custo-benefício e de forma ecologicamente correta”.
Um dos principais acordos assinados durante a visita aos países nórdicos foi o memorando de entendimento entre a a Petrobras e a Statoil – a gigante norueguesa do petróleo e gás, 64% estatal (o nome é uma contração de “petróleo do Estado”). O acordo prevê parceria para a produção do etanol de celulose, feito com sobras de colheitas, e exportação do produto para países europeus.
Tarifas “injustificáveis”
O presidente brasileiro aproveitou a viagem para reclamar das tarifas cobradas pela União Européia sobre o etanol brasileiro. “Os biocombustíveis ainda enfrentam barreiras injustificáveis no comércio internacional. Isso prejudica os países que produzem de forma competitiva e é ruim para os consumidores.A imposição européia de tarifas que oneram em até 55% o etanol brasileiro é um exemplo dessa distorção. Basta comparar com a tarifa cobrada pela União Européia para o petróleo, que é de apenas 5%”, comentou no seminário em estocolmo.
Lula encerrou nesta sexta-feira a última etapa de sua viagem aos países nórdicos – Finlândia, Suécia, Dinamarca e Noruega. Além de vender o projeto brasileiro dos biocombustíveis, a viajem objetivou apresentar aos investidores escandinavos o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). De Oslo, o presidente embarcou para Madrid, onde permanece até segunda-feira (17).
Da redação, com agências