Morre o 22º cortador de cana em SP, MP investigará o caso
O Ministério Público vai investigar as causas da morte de mais um cortador de cana na região de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Edilson de Andrade, de 28 anos, foi enterrado na manhã desta quarta-feira (12). Ele saiu da Bahia para São Paulo há três
Publicado 14/09/2007 14:08
Nos últimos três anos, 21 cortadores de cana morreram no estado. A Procuradoria do Trabalho, que investiga os casos, suspeita que a maioria das mortes tenha sido provocada por excesso de trabalho nos canaviais.
Para ganhar R$ 800 por mês, um bóia-fria precisa cortar 11 toneladas de cana por dia. Para aumentar o salário, alguns cortam até 17 toneladas. O procurador Silvio Beltramelli Neto diz que o caso é mais um que precisa ser investigado.
A Pastoral do Migrante, que já havia denunciado o excesso de trabalho para a Organização das Nações Unidas (ONU), voltou a pedir providências.
Greve
Cerca de 200 trabalhadores rurais do setor de corte de cana da Usina da Barra Açúcar e Álcool, instalada na cidade de Andradina e pertencente ao Grupo Cosan, entraram em greve nesta segunda-feira (10).
Os trabalhadores aguardavam melhorias na proposta de Acordo Coletivo por parte da indústria sucroalcooleira, o que não ocorreu. Sob orientação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Andradina e a Federação do Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (Feresp/CUT), os trabalhadores cruzaram os braços em protesto.
Reivindicações
A principal reivindicação dos cortadores de cana é a equiparação salarial com o piso instituído na região de Catanduva, considerado o mais alto do Estado de São Paulo. Enquanto em Catanduva paga-se R$ 520,00 de piso, na Cosan de Andradina paga-se R$ 422,00.
“Não é justo trabalhadores que desempenham a mesma função, separados por aproximadamente 300 km, possuírem tamanha diferença salarial. Exigimos melhorias salariais para trazer ao menos um pouco mais de dignidade aos trabalhadores rurais que dão o máximo de suas capacidades e são vilipendiados pelos usineiros exploradores”, informa Aparecido Bispo, Secretário-Geral da Feraesp.
As entidades representantes da categoria acreditam que o movimento engrosse fileiras nesta semana, quando outras turmas de trabalhadores aderirão o movimento.