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Guiana vence arbitragem e agora sonha com petróleo

O governo da Guiana acredita que pode ter tirado a sorte grande, como se houvesse ganhado na loteria, graças a uma decisão de um tribunal da ONU no último dia 20 de setembro. A sentença concedeu a maior parte de uma área marinha com potencial para extraçã

Nem tanto, ou pelo menos ainda não. Mas o Serviço Geológico dos EUA (USGS) acredita que as águas turvas da Bacia Guiana-Suriname podem conter mais petróleo não descoberto do que as reservas comprovadas no Mar do Norte.



O que impediu a prospecção, até agora, foram as confusas fronteiras legadas pelas antigas potências coloniais. Em 2000, uma canhoneira surinamesa ameaçou uma plataforma marítima contratada pela CGX Energy, pequena companhia canadense, paralisando sua busca por petróleo a 160 km da costa. Quando as conversas não resultaram em solução conciliatória, a Guiana levou a disputa a um tribunal cujo veredicto tem de ser cumprido, segundo a Convenção da ONU sobre a Lei do Mar.



Com os rumores sobre a decisão, um ano atrás, o preço das ações da CGX deu um salto de US$ 0,26 para US$ 2,50. Mas, embora a geologia seja promissora, ninguém ainda encontrou petróleo. Kerry Sully, presidente da CGX, está otimista, mas não espera iniciar a abertura de poços antes de 2009.



Transformações



Alguns guianeses temem que, se houver petróleo, isso trará problemas – especialmente corrupção – assim como benefícios. Eles comentam que em Trinidad e Tobago, país vizinho, petróleo e gás natural produziram um boom econômico, mas não uma solução instantânea para problemas sociais.



Na Guiana, a decisão do tribunal produziu um raro momento de harmonia política. Talvez pela primeira vez em 50 anos, o Congresso Nacional do Povo, partido de oposição formado predominantemente por afro-guianeses elogiou o sucesso obtido por seu adversário político, o governo do presidente Bharrat Jagdeo, de maioria indo-guianesa.



No Suriname, a oposição culpa o governo pela derrota, mas as perdas não serão tão grandes. A espanhola Repsol, planeja, para o ano que vem, a perfuração de poços em busca de petróleo em águas inquestionavelmente surinamesas, e a dinamarquesa Maersk, iniciará seus trabalhos pouco depois.



Continua ainda sem solução outra disputa fronteiriça entre os dois países envolvendo um triângulo de floresta tropical desabitado, nas proximidades da fronteira brasileira. Mas existem, agora, fortes motivos para que os países colaborem. Um sítio geologicamente promissor, denominado Forquilha, contém a nova fronteira marinha, e não poderá ser explorador sem um acordo de compartilhamento do que possa haver lá.



Fonte: Valor Econômico