Sem categoria

Mulheres querem espaço na central classista

As trabalhadoras compareceram ao 7º Encontro Nacional da Corrente Sindical Classista realizado em Salvador de sexta-feira a domingo (30). Sentadas no plenário, participando da mesa coordenadora ou se manifestando sobre questões polêmicas, elas mostraram q

A perspectiva é que a nova central garanta espaço às mulheres, reservando 30% dos cargos de direção para as sindicalistas, com chance de aumento para até 50%. A decisão é que a proporcionalidade seja respeitada também na participação em seminários, congressos e encontros, possibilitando que as mulheres contribuam mais efetivamente na construção das bandeiras de lutas da central, a exemplo da temática da valorização do trabalho das mulheres e de estímulo à promoção da equidade de gênero, raça e etnia nas relações de trabalho.


 


Para a vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Raquel Guisoni, o fato de a central classista pretender pôr no seu estatuto a criação de uma Secretaria sobre a Questão da Mulher representa um grande avanço. “Estamos discutindo inclusive a possibilidade de que o nome da entidade seja Central Classista dos Trabalhadores e Trabalhadoras. Mas queremos muito mais. A idéia é que o projeto de nação defendido pela central contemple as reivindicações femininas. Se a central se posicionar positivamente em relação às questões de gênero, terá uma grande adesão das mulheres”, declarou.


 


Dalva Leite, do Sindicato dos Comerciários da Bahia, aposta no avanço nas políticas voltadas para as questões de gênero, raça e etnia como o grande diferencial a ser buscado pela Central Classista. Para ela, o primeiro passo é garantir mais espaço para as mulheres nas instâncias decisórias da central e apoiar bandeiras como a questão da descriminalização do aborto como forma de por fim a morte de mulheres por complicações do aborto inseguro- quarta causa de morte materna no Brasil. “A posição de apoio à legalização do aborto deve ser vista como uma forma de garantir às mulheres o direito de decidir sobre o seu corpo e o aborto inseguro como um problema de saúde pública”, afirmou.


 


A criação da nova central está sendo vista pela diretora do Sindicato dos Bancários de Sergipe Ivânia Pereira como uma grande chance de protagonismo para as trabalhadoras. Segundo ela, esta é uma grande oportunidade de derrubar o machismo que existe dentro do movimento sindical e nas empresas. “Já começamos a discutir também as formas de inclusão de categorias como as empregadas domésticas na nova central. Esta é uma forma de atender à demanda de uma parte significativa das mulheres brasileiras”, disse Ivânia.


 


A diretora para assuntos de gênero do Sindicato dos Bancários da Bahia, Nole Fraga, vai mais longe. Ela espera que a central permita o crescimento político das sindicalistas, estimulem o seu protagonismo, crie oportunidades para a ampliação dos espaços de poder das mulheres e se abra para a discussão do assédio sexual e moral que está presente, inclusive nas entidades sindicais. “Existem casos que mesmo os homens mais esclarecidos assediam as colegas, seja com palavras equivocadas ou através da determinação de limitação das falas e espaços ocupados pelas mulheres. Precisamos mudar este quadro”, afirma.


 


A expectativa de Rosa de Souza, do Sindicato dos Comerciários da Bahia, que ocupa o cargo de diretora do departamento feminino da CUT-BA, é de que a central classista mobilize as trabalhadoras abordando uma agenda feminina. Este é um ponto fundamental a ser discutido, pois sem mobilização não é possível conquistar novos espaços e manter os antigos, fazendo com que as trabalhadoras se sintam representadas pela central.“Precisamos também olhar de forma especial para a questão da saúde da mulher, que muitas vezes adoece por causa da dupla jornada de trabalho ou pelo assédio moral. Vamos brigar para que a central adote esta causa juntamente com todas as outras que envolvem as questões de gênero”, disse.


 


De Salvador,
Eliane Costa


 


Colaborou Julieta Palmeira