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Eleição é adiada pela segunda vez no Nepal

Os sete partidos que integram o governo do Nepal adiaram pela segunda vez as eleições legislativas este ano por causa de desacordos sobre o sistema eleitoral e o futuro modelo político do país.

As eleições legislativas que seriam disputadas em 22 de novembro elegeriam 496 representantes da Assembléia Constituinte, encarregada de decidir se o país continuaria sendo uma monarquia ou se seria instalado um regime republicano.



“Houve uma oportunidade para que o Nepal se convertesse em uma República, mas ela se perdeu”, declarou nesta sexta-feira (5) Shekhar Koirala, membro do Partido do Congreso Nepalês, principal força do governo.



“Agora não sei quando serão realizadas as eleições nem sei se serão realizadas”, lamentou Koirala, que destacou-se há alguns meses nas negociações com os rebeldes da guerrilha maoísta do Partido Comunista do Nepal.



O sistema eleitoral e o futuro do país têm sido os motivos da discórdia dentro do governo, já que os maoístas, cujo apoio é essencial para a realização das eleições, querem a abolição da monarquia e o estabelecimento de uma república.



Eles também repudiam o atual sistema, que une o voto direto com o voto proporcional e defendem eleições integralmente proporcionais.



A recusa de atender a essas demandas, pelo primeiro ministro Girija Prasad Koirala, provocou a saída do outrora grupo armado do governo, em 18 de setembro.



A discórdia em relação ao tema pode colocar em perigo o acordo de paz assinado em novembro de 2006 entre as partes, finalizando um período de dez anos de luta armada no país.



O representante especial da ONU no Nepal, Ian Martin, assinalou que ainda haverá muita decepção entre os nepaleses e na comunidade internacional, “mas o mais importante é que os partidos mantenham sua aliança e cheguem a um acordo político”.



A eleição foi postergada pela segunda vez. De início, foi marcada para 20 de junho deste ano, mas foi adiada por falta de tempo para organizá-la.



O governo do Nepal busca um consenso no sistema político desde que em abril do ano passado uma revolta popular em Katmandu, a capital do país, obrigara o rei Gyanendra a abandonar seus poderes absolutos.