Messias Pontes: Uma outra América Latina é possível

Há 40 anos (09.10.67) o mundo, em especial a América Latina, perdia um dos seus melhores filhos. Com o auxílio da Central de Inteligência da América (CIA), o exército boliviano prendia e matava fria e covardemente o líder revolucionário Ernesto “Che” Guev

Pensavam os reacionários de todas as matizes que ali, na selva amazônica boliviana, estavam matando também o ideal de libertação dos povos oprimidos de todo o mundo, e em especial da América Latina, sonho maior daquele que nunca deixou de acreditar que um outro mundo era possível: um mundo sem opressão, sem injustiça e sem exploração.


 



Nem bilhões de exemplares da panfletária revista Veja e de outros órgãos da imprensa burguesa a serviço do atraso e do imperialismo norte-americano serão capazes de matar as idéias de “Che” Guevara. Durante toda esta semana, em todo o mundo, Guevara será homenageado e seus ideais revividos. Eventos em homenagem ao grande líder nas Casas Legislativas, nos sindicatos e associações, em todo o Brasil foram e estão sendo realizados.


 



Aqui em Fortaleza, na manhã da última sexta-feira, por iniciativa do vereador José Maria Pontes (PT), a Câmara Municipal realizou umas sessão solene, transmitida ao vivo pela TV  Fortaleza, contando  com  a presença do  representante  do Instituto Cubano para a Amizade com os Povos (ICAP), Reynaldo Feijoo, para homenagear a memória de Ernesto “Che” Guevara. Dirigentes da Associação de Amizade Brasil-Cuba do Ceará, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará, da Central Única dos Trabalhadores, da Associação dos Funcionários do Banco do Nordeste e de outras entidades, prestigiaram o acontecimento. Entre os presentes, o Padre Haroldo Coelho – que festejou o último 1º de Maio em Havana -, mesmo com a saúde um pouco fragilizada, fez questão de comparecer.


 



O Gabinete do vereador José Maria Pontes apresentou várias fotos de “Che”, com as suas frases que fizeram história, e projetou um documentário sobre a vida do ícone da revolução cubana. Também distribuiu a carta de despedida de Guevara a Fidel Castro. A sessão solene da Câmara Municipal, que teve duração de aproximadamente duas horas, foi reprizada nos três dias  seguintes pela TV Fortaleza, dando a milhares de pessoas que não compareceram, a oportunidade de conhecer mais sobre a vida de “Che” e dos cinco heróis cubanos presos injustamente nos Estados Unidos, onde se encontram há nove anos sem direito de defesa e sem poder receber a visita de seus familiares, num flagrante desrespeito aos direitos humanos e aos tratados internacionais. 


 



À noite, na Associação dos Docentes da Universidade Federal do Ceará (ADUFC), um outro grande número de pessoas compareceu, ocasião em que assistiram a um documentário sobre a vida de Guevara e puderam debater com o representante do ICAP sobre “Che”, os cinco heróis cubanos e tudo sobre Cuba e seu povo, notadamente sobre a revolução de 1º de janeiro de 1959, quando os revolucionários, tendo à frente Fidel Castro, Raúl e Guevara, livraram aquele país caribenho da sanha do sanguinário ditador Fulgêncio Batista e do imperialismo norte-americano.


 



Quarenta anos depois, os ideais de “Che” continuam permeando mentes e corações em todo o planeta, especialmente entre a juventude, por isso ele permanece mais vivo do que nunca. Por ironia da história, o seu frio e cruel assassino, o suboficial boliviano Mario Terán recuperou a visão a pós ter sido operado por médicos cubanos em um hospital da Bolívia doado por Cuba, e sem gastar um centavo sequer. Atualmente, 39 mil médicos cubanos atendem pessoas carentes em quase todo o mundo, principalmente na América Latina. Este foi um dos sonhos de Guevara que se tornaram realidade.


 



Entre as muitas qualidades de “Che”, pode-se destacar a intolerância à injustiça; a sua coragem e determinação, mesmo na adversidade, para enfrentá-la; e o seu grande amor pelo povo. Tanto isto é verdade que ele abdicou do cargo de ministro da Economia de Cuba para ajudar outros povos a se libertarem da opressão, primeiramente na África, e depois na América do Sul, mais precisamente na Colômbia.


 



Na carta para os filhos Hilda, Aleida, Camilo, Célia e Ernesto, “Che” Guevara exprime todo o seu sentimento e coerência, falando do fundo da alma: “Seu pai tem sido um homem que atua como pensa e, certamente, tem sido leal a suas convicções. Cresçam como bons revolucionários. Estudem muito para poder dominar a técnica que permite dominar a natureza. Lembrem-se que a revolução é o importante e que cada um de nós, sozinho, não vale nada. Sobretudo, sejam sempre capazes de sentir indignação contra qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo. É a qualidade mais bela de um revolucionário. Até sempre, filhinhos, espero vê-los ainda”.


 



É por tudo isso que ele continua cada vez mais vivo e ganhando a simpatia dos homens e mulheres de bem em todo o mundo, em especial da juventude. Não adianta a mentira, a calúnia, o engodo e todo o ódio dos opressores expressos pela mídia burguesa contra Ernesto “Che” Guevara porque ele continuará sendo o ícone da luta dos povos pela emancipação humana, o exemplo a ser seguido.


 



Não é à toa que a América Latina caminha em direção à democracia, à sua libertação e à sua unidade. A eleição e reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva, no Brasil; de Hugo Chávez, na Venezuela; de Evo Morales, na Bolívia; de Rafael Correa, no Equador; e de Daniel Ortega, na Nicarágua, tem muito a ver com os ideais de Ernesto “Che” Guevara. Os povos do nosso Continente se conscientizam sempre mais que o socialismo é a solução, podendo ser alcançado, e que uma outra América Latina é possível. “Che” vive. Viva “Che”. 
 


 


Messias Pontes é jornalista