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Chávez cria 'Hollywood bolivariana' para promover revolução

O slogan da Fundação Villa del Cine anuncia sem pudores: “Luzes, câmera, revolução”. Criado pelo presidente Hugo Chávez para combater “a ditadura de Hollywood”, o estúdio de cinema estatal venezuelano enfrenta neste fim de semana a sua primeira grande bat

O ambicioso longa sobre a vida do herói da independência Francisco de Miranda (1750-1816) é a primeira das 19 produções recém-concluídas ou em andamento da Villa del Cine a estrear em circuito comercial. Com 140 minutos de duração e orçamento de US$ 2,32 milhões, o filme foi rodado na Venezuela, em Cuba e na República Tcheca. Conta com uma pequena participação do astro norte-americano Danny Glover — um fã declarado de Chávez.


 


A maior parte das filmagens foi realizada na própria sede da fundação, que mantém um complexo com dois estúdios na cidade de Guarenas, na Grande Caracas. Trabalham ali cerca de 1.500 pessoas, quase todas de cooperativas vizinhas, responsáveis por áreas como figurino e carpintaria.


 


“A Villa preenche um espaço que ninguém ocupava”, disse o diretor de Miranda Regressa, Luis Alberto Lamata, considerado um dos mais importantes do país. “O cinema venezuelano tem sido feito por nós, cineastas, em alguns casos com o apoio de outras instituições do Estado ou com o dinheiro que se conseguir. A Villa possibilita que se faça um trabalho por encargo.”


 


Mesmo antes de sua estréia nas telas, a Villa, inaugurada no ano passado, tem atraído várias personalidades interessadas na experiência chavista. Já visitaram os estúdios os atores hollywoodianos Kevin Spacey e Sean Penn, além de Glover, que planeja desenvolver ali um controvertido projeto de US$ 18 milhões — prometidos a ele por Chávez — para filmar a história da independência haitiana.


 


Para a pré-estréia, o local escolhido foi o Teatro da Academia Militar. Diante de uma platéia que misturava atrizes, dezenas de cadetes uniformizados, jornalistas e o colega equatoriano, Rafael Correa, Chávez defendeu o cinema estatal. “Não há revolução sem cultura se não retomamos nossos valores, se não dizemos basta aos antivalores, ao veneno imperial. Começamos a resgatar esses valores, usando a mina interminável de nossa história”, discursou antes da projeção, na quinta-feira à noite.


 


Além de Miranda Regressa, a Villa deve terminar nos próximos meses pelo menos outros seis longas. Um dos projetos é o filme Bambi C-4, sobre o cubano Luis Posada Carriles, que vive em liberdade nos Estados Unidos apesar do pedido venezuelano de extradição.


 


Para que a empreitada nas telas tenha êxito, o governo Chávez criou ainda a empresa distribuidora Amazonia Films e está construindo uma rede de cinemas estatais em regiões do país onde não existem salas. É uma das iniciativas mais ousadas da América Latina.


 


Da Redação, com informações da Folha de S.Paulo