Argentinos bloqueiam todas as pontes de acesso ao Uruguai
Manifestantes argentinos da área da fronteira bloquearam nesta segunda-feira (12) com piquetes as três pontes que ligam o país ao Uruguai. A medida foi realizada em protesto contra o início do funcionamento, na quinta-feira à noite, da fábrica de celulose
Publicado 12/11/2007 12:04
O governo do presidente uruguaio Tabaré Vázquez colocou um forte contingente policial nas redondezas da Botnia para protegê-la de eventuais ataques ou sabotagens por parte dos manifestantes argentinos – especialmente os habitantes da cidade argentina de Gualeguaychú, localizada na frente de Fray Bentos – que pedem o desmantelamento imediato da fábrica, a qual, consideram, provocará um “apocalipse” ambiental e econômico na região.
A ponte que liga Gualeguaychú a Fray Bentos está bloqueada por piquetes argentinos há um ano. Agora foi a vez da ponte que liga a argentina Concordia com a uruguaia Salto ficar bloqueada “por tempo indeterminado”. A ponte entre Colón, na Argentina, e Paysandú foi o alvo de piquetes “temporários”.
O vice-presidente uruguaio, Rodolfo Nin Novoa, afirmou que “não existe estado de guerra… mas estamos tomando medidas para que não ocorram desgraças e evitar circunstâncias dolorosas”. O governo uruguaio fechou ontem o lado uruguaio da ponte que liga Fray Bentos a Gualeguaychú para evitar a entrada de manifestantes argentinos e, assim, desestimular eventuais ataques ou sabotagens contra a fábrica.
As relações entre os dois países estão em elevado estado de tensão há dois anos por causa da fábrica da Botnia. Mas agravaram-se na sexta-feira, quando tornou-se pública a autorização emitida pelo presidente Vázquez. O governo do presidente argentino Néstor Kirchner – em sintonia intensa com os manifestantes – acusou ontem Vázquez de “debilitar as relações bilaterais” e de não querer negociar sobre o funcionamento da fábrica. O chanceler uruguaio Reinaldo Gargano retrucou, afirmando que o governo Vázquez está “disposto a retomar o diálogo” mas que não negociará enquanto os piquetes continuarem. Segundo ele, a Argentina, ao permitir os piquetes, viola o princípio do Mercosul de livre circulação de mercadorias e pessoas.
O investimento para a fábrica da Botnia é de US$ 1,2 bilhão, o equivalente a 9% do PIB uruguaio. Este é o maior investimento da história do país, além de ser o primeiro passo no ambicioso plano de transformar o Uruguai em uma potência de celulose no hemisfério sul.
Fonte: Agência Estado